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Otan completa 75 anos mais forte do que nunca graças à guerra na Ucrânia

A aliança militar foi revitalizada com a invasão russa da Ucrânia e tem mais tropas do que nunca no seu flanco oriental

Redação Jornal de Brasília

02/04/2024 12h26

Foto: AFP

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se prepara para comemorar o seu 75º aniversário na quinta-feira (4), mais forte do que nunca, mas ainda sob a ameaça da Rússia e do espectro de Donald Trump.

A aliança militar, que surgiu na Guerra Fria para confrontar a União Soviética, foi revitalizada com a invasão russa da Ucrânia e tem mais tropas do que nunca no seu flanco oriental.

Com a adesão da Suécia e da Finlândia, a aliança que em 2019 esteve em “morte cerebral”, segundo o presidente da França, Emmanuel Macron, passou a ter um número recorde de 32 países membros.

Sendo assim, a aliança militar reorientou os seus objetivos, concentrando-se novamente em Moscou, o seu adversário original, embora a Rússia esteja hoje longe da agora extinta União Soviética e seus aliados.

Esta tendência de fortalecimento começou em 2014, quando a Rússia tomou a península da Crimeia da Ucrânia, mas tornou-se plena após fevereiro de 2022.

Entre esses dois dados, a Otan atingiu a sua maior crise com a desastrosa retirada do Afeganistão, um passo que fez com que várias capitais europeias questionassem – mais ou menos abertamente – a dependência excessiva da aliança em relação aos Estados Unidos.

A invasão russa da Ucrânia mudou tudo para a Otan. Os países da Aliança enviaram armamento de depósitos de bilhões de dólares às forças ucranianas.

Com as forças russas vencendo a Ucrânia e a redução das entregas de armas ocidentais em Kiev, os observadores temem que os países da Otan poderão ser os próximos na mira da Rússia se o Kremlin conseguir uma vitória na Ucrânia.

“Se a ajuda diminuir e a Ucrânia estiver sob pressão para negociar e aceitar uma mais paz, isso aumentará o risco de uma Rússia prejudicial. É por isso que é essencial apoiar a Ucrânia agora. É um investimento na Otan de amanhã”, afirmou James Black, da empresa americana RAND Corporation.

O fator Trump

Mas a Rússia não é a única ameaça que paira sobre a Otan. Outro grande fator de incerteza é o eventual retorno de Donald Trump à Casa Branca.

O seu período de tempestade como o presidente dos Estados Unidos incomodou uma na Aliança. Em sua campanha para um novo mandato, ele já gerou uma grave crise com apenas uma frase.

No início deste ano, num evento de campanha, Trump garantiu que se fosse reeleito encorajaria a Rússia a “fazer o que quiser” com os países da Otan que não estão em dia com as suas obrigações financeiras.

Na opinião de Camille Grand, ex-funcionário de alto escalonamento da Otan, “o verdadeiro problema de Trump é a sua imprevisibilidade”.

“A retirada dos Estados Unidos nem sequer é necessária. Um tuíte ou uma frase como ‘nenhum soldado americano morrerá por um aliado como a Lituânia'” seria suficiente para outra crise, disse Grand, que agora é membro do think-tank Conselho Europeu de Relações Exteriores.

Por esta razão, a Otan iniciou um forte esforço para aumentar o número de países que cumprem o objetivo de investir na Defesa o equivalente a 2% do PIB.

Em 2014, apenas três países da aliança atingiram esse nível e a Otan espera que até o final deste ano esse número suba para 20.

Diplomatas na sede da Otan, em Bruxelas, estão otimistas quanto a um possível segundo mandato de Trump.

Nesse cenário, mencionamos que, para convencer os Estados Unidos de que a Otan continua relevante, devem intensificar a atenção que prestam à China, uma preocupação fundamental para Washington.

Mas mesmo apesar do aumento dos gastos com a defesa nos países europeus, muitos acreditam que a Otan sem o poder dos Estados Unidos simplesmente não funcionaria.

“Se os Estados Unidos recuarem, então não seremos capazes de administrar (…). A Europa está acelerando o ritmo, mas fluindo algum tempo até que possa se aproximar” da contribuição americana, disse um diplomata europeu, sob condição de anonimato.

© Agência France-Presse

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