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Mundo

Os últimos acontecimentos na guerra entre Irã e Israel

Redação Jornal de Brasília

23/06/2025 6h58

Foto: Menahem Kahana / AFP

Os Estados Unidos bombardearam neste domingo (22) três instalações nucleares chave do Irã, somando-se à ofensiva lançada por Israel em 13 de junho.

Algumas horas depois, o Irã lançou 40 mísseis contra Israel e ameaçou os Estados Unidos com represálias “que lamentarão”.

Estes são os eventos mais recentes:

Intervenção dos Estados Unidos

Após vários dias de incerteza sobre uma possível intervenção, o presidente Donald Trump anunciou que os Estados Unidos realizaram ataques contra as três principais instalações nucleares do Irã: Fordow, Natanz e Isfahan.

O presidente republicano descreveu a ação como um “feito militar espetacular”.

Os meios de comunicação iranianos confirmaram os ataques.

Programa nuclear ‘devastado’

O chefe do Pentágono, Pete Hegseth, afirmou que o programa nuclear iraniano foi “devastado”.

Hegseth detalhou que os Estados Unidos utilizaram sete bombardeiros furtivos B-2 nos ataques.

Esses aviões são os únicos capazes de transportar as poderosas bombas antibunker tipo GBU-57.

Essas ogivas de 13 toneladas podem penetrar dezenas de metros de profundidade antes de explodir, o que permite atingir alvos subterrâneos a grande profundidade, como a instalação de Fordow.

Israel não possui esse tipo de armamento.

Nos ataques, os Estados Unidos lançaram 14 bombas GBU-57, ou Penetrador Maciço de Artilharia, de 13,6 toneladas que nunca havia sido utilizada antes em combate.

Duas delas foram lançadas contra a usina de enriquecimento de Fordow, ao sul de Teerã.

Os três principais complexos nucleares iranianos sofreram “graves danos”, assinalou o general Dan Caine, chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos.

Washington ‘disposto a negociar’

Após o ataque, o governo americano disse estar “disposto” a negociar com o Irã sobre seu programa nuclear civil.

“É uma decisão muito simples: se o que querem são reatores nucleares para ter eletricidade, há muitos outros países no mundo que fazem isso e não precisam enriquecer seu próprio urânio, eles podem fazer isso”, disse o secretário de Estado americano Marco Rubio à emissora Fox News.

Entretanto, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou: nesta guerra “já conseguimos muito e, graças ao presidente Trump, nos aproximamos de nossos objetivos”. “Quando forem alcançados, a operação vai acabar”, acrescentou.

Apesar de vários funcionários de seu governo terem insistido em que os ataques não tinham como objetivo modificar o sistema de governo no Irã, Trump sugeriu neste domingo: “Não é politicamente correto usar o termo ‘mudança de regime’, mas sim, o atual regime iraniano não pode fazer com que o Irã volte a ser grande. Por que não haveria uma mudança de regime?”

Feridos, mas ‘nenhum perigo’ de contaminação

A porta-voz do governo iraniano afirmou que não há “nenhum perigo” para as pessoas que vivem nas proximidades das instalações nucleares atacadas.

O Ministério da Saúde indicou que os bombardeios deixaram feridos, mas nenhum deles apresenta sinais de “contaminação radioativa”.

Reação do Irã

A Guarda Revolucionária, o exército ideológico do Irã, advertiu os Estados Unidos que “esperem represálias das quais vão se lamentar”. O Irã “utilizará opções que estão além da compreensão”, afirmou.

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, condenou a “agressão” dos Estados Unidos e participou de uma manifestação em Teerã contra os bombardeios americanos.

Seu chanceler, Abbas Araghchi, denunciou o “comportamento extremamente perigoso, anárquico e criminoso” dos Estados Unidos.

O Irã vai se defender “por todos os meios necessários”, acrescentou. “Não há linha vermelha que já não tenham cruzado. A última, e a mais perigosa, ocorreu ontem à noite”, disse.

Ali Akbar Velayati, conselheiro do líder supremo do Irã, indicou em uma mensagem publicada pela agência de notícias oficial Irna que as bases utilizadas pelas forças americanas para atacar as instalações nucleares iranianas “serão consideradas alvos legítimos”.

Quarenta mísseis contra Israel

Poucas horas depois dos ataques americanos, a agência de notícias iraniana Irna informou o lançamento de 40 mísseis contra Israel. Teerã disse que os alvos incluíam o aeroporto internacional Ben Gurion, perto de Tel Aviv, e um “centro de pesquisa biológica”, entre outros.

Jornalistas da AFP verificaram danos significativos em bairros residenciais no norte e no sul de Tel Aviv.

Os serviços de emergência israelenses relataram 23 feridos.

As autoridades iranianas também anunciaram que executaram um homem condenado por ser agente do Mossad, o serviço de espionagem israelense.

Israel agradece a Trump e lança novos ataques

“Obrigado, o povo de Israel agradece a vocês”, declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em uma mensagem de vídeo em inglês dirigida a Trump.

“Na ação desta noite contra as instalações nucleares do Irã, os Estados Unidos demonstraram ser verdadeiramente incomparáveis”, disse.

Netanyahu considerou ainda que, com esta ação, o presidente americano impõe um “ponto de inflexão histórico que pode ajudar a levar o Oriente Médio” em direção a “um futuro de prosperidade e paz”.

O Exército israelense anunciou o lançamento de uma nova onda de ataques contra alvos militares no oeste do Irã, incluindo lançadores de mísseis. A agência de notícias iraniana Isna informou a morte de quatro soldados em uma base no norte do país.

‘Ameaça existencial’

O porta-voz militar do Exército israelense, Effie Defrin, disse que a campanha contra o Irã continua e que o objetivo é “eliminar a ameaça existencial ao Estado de Israel, golpear o programa nuclear do Irã e destruir seu sistema de mísseis”.

Meios de comunicação iranianos relataram que “uma forte explosão foi ouvida” na tarde de domingo na província de Bushehr, no sul do Irã, que abriga a única usina nuclear do país.

Reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, advertiu neste domingo sobre “mais um ciclo de destruição” e represálias após os ataques americanos.

“As pessoas da região não podem suportar mais um ciclo de destruição. E, no entanto, agora corremos o risco de cair em um círculo de represália após represália”, disse o secretário-geral em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.

O embaixador do Irã perante a ONU denunciou, por sua vez, que os Estados Unidos iniciaram uma “guerra” contra o seu país “sob pretextos absurdos e inventados”.

© Agence France-Presse

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