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Os possíveis cenários para o pós-guerra na Faixa de Gaza

Segundo o esboço, a ofensiva israelense em Gaza “continuará” até o “retorno dos reféns” e o “desmantelamento da capacidade militar e de governo do Hamas”

Redação Jornal de Brasília

05/01/2024 17h28

Palestinians inspect the rubble of destroyed houses and buildings in Rafah in the southern Gaza Strip on December 18, 2023, amid continuing battles between Israel and the militant group Hamas. (Photo by MOHAMMED ABED / AFP)

A guerra devastadora entre o Exército israelense e a organização islamista palestina Hamas dura quase três meses e não parece que terminará no curto prazo.

Apesar disso, há várias incertezas sobre o futuro na Faixa de Gaza após o conflito.

Seguem algumas das perspectivas de líderes israelenses, americanos e palestinos sobre o que poderia acontecer com o território palestino, que foi devastado pela ofensiva aérea e terrestre israelense iniciada após os ataques brutais do Hamas em 7 de outubro.

Esboço do plano israelense

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, revelou na quinta-feira as principais diretrizes de um primeiro plano para “depois da guerra” em Gaza, que ainda precisa ser examinado pelo gabinete de guerra do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Segundo o esboço, a ofensiva israelense em Gaza “continuará” até o “retorno dos reféns” e o “desmantelamento da capacidade militar e de governo do Hamas” e “a eliminação da ameaça militar” nesse território palestino, explicou Gallant.

Uma vez encerrada a ofensiva, no pós-guerra “o Hamas não controlará mais Gaza”. Assim, de acordo com o plano israelense, será o fim de mais de 16 anos de governo da organização islamista palestina em Gaza.

“Não haverá presença civil israelense em Gaza depois que os objetivos da guerra forem alcançados”, afirmou o ministro, que especificou que o Exército manterá “sua liberdade de ação” para conter qualquer possível “ameaça”.

“Os habitantes de Gaza são palestinos. Portanto, as entidades palestinas assumirão as rédeas, desde que não haja nenhuma ação hostil ou ameaça contra o Estado de Israel”, acrescentou Gallant, sem fornecer mais detalhes sobre qual grupo palestino poderá governar na Faixa.

Extrema-direita israelense

O ministro da Segurança Nacional de Israel, o ultradireitista Itamar Ben Gvir, pediu na segunda-feira o retorno dos colonos judeus a Gaza após a guerra e um “incentivo” para que a população palestina emigre para outros países árabes.

O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que também faz parte da ala mais conservadora do governo, fez declarações semelhantes.

O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, disse estar “muito preocupado com as declarações de altos funcionários israelenses sobre os projetos de transferência de civis de Gaza para países terceiros”.

Ao contrário da Cisjordânia ocupada, Israel retirou em 2005 seus 8 mil colonos de Gaza, mas, desde 2007, impôs um bloqueio rigoroso ao território.

Estados Unidos

Principal aliado militar e político de Israel, os Estados Unidos defendem que, no futuro, tanto Gaza quanto a Cisjordânia devem ser governadas pela Autoridade Palestina.

No entanto, o atual presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, é uma figura enfraquecida e tem capacidade governamental limitada na Cisjordânia.

“Gaza é um território palestino e continuará sendo palestino, e o Hamas não terá mais controle no futuro”, afirmou o Departamento de Estado americano, que classificou as declarações de Ben Gvir e Smotrich como “irresponsáveis”.

Líderes palestinos

O chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, disse na terça-feira que está disposto a aceitar uma única administração palestina que governe tanto em Gaza quanto na Cisjordânia: “Estamos abertos à ideia de um governo nacional”, afirmou.

Abbas se referiu a Gaza como “parte integrante” do Estado almejado pelos palestinos.

O Hamas, que venceu as eleições palestinas em 2006, assumiu o controle de Gaza em 2007 após confrontos violentos com o partido de Abbas.

Desde então, os esforços de reconciliação entre essas duas formações palestinas fracassaram.

© Agence France-Presse

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