Dirigentes dos principais partidos da oposição na Bolívia afirmaram que a proposta do presidente Evo Morales de se submeter a um referendo com poder para revogar seu mandato e o de nove governadores “não faz sentido” e “é uma bomba de fumaça”.
Morales em mensagem à nação, more about anunciou que enviará nesta quinta-feira ao Congresso um projeto de lei pedindo a “rápida” convocação de um referendo revogatório.
O vice-presidente do Senado, Carlos Borth, da aliança direitista Poder Democrático e Social (Podemos), disse à agência Efe que a proposta “não faz sentido” se a previsão governista é aprovar até 14 de dezembro a nova Constituição. Com a sua entrada em vigor, explicou, deve haver uma eleição geral no próximo ano para presidente, vice-presidente, governadores, senadores e deputados.
Na sua opinião, é preciso esperar a conclusão dos trabalhos da Constituinte para se ter “uma idéia completa” da proposta de Morales.
“Se a Assembléia fracassar e não apresentar uma nova Constituição, a proposta é pertinente e um grande desafio político para os governadores. Mas se a Constituinte aprovar algo parecido, o referendo não faz sentido”, opinou.
O líder da bancada da União Nacional (UN, centrista), Arturo Murillo, declarou à Efe que a proposta “é uma bomba de fumaça”. Ele lembrou que já existe há vários meses um projeto de lei para revogar mandatos, que não foi aprovado no Congresso.
O Movimento Ao Socialismo (MAS, governista) controla a Câmara Baixa. Já os opositores dominam o Senado. “Se o Senado quisesse um plebiscito, já teria convocado um”, afirmou Murillo. Na sua opinião, o presidente Morales deve cumprir o seu mandato de cinco anos.
Morales explicou que propunha o referendo para que o povo diga se quer manter o processo de mudança liderado pelo seu Governo.