Com 24 ucranianos a bordo, o cargueiro grego “Ariana” foi colocado hoje em liberdade após o pagamento de US$ 2,8 milhões aos piratas somalis que sequestraram a embarcação há mais de seis meses, como informou o Serviço de Inteligência Externa (SIE) da Ucrânia, que atribuiu o pagamento ao armador.
Pouco antes, o proprietário do navio, o grego Spiros Minas, anunciou o pagamento do resgate, sem revelar a quantia, e expressou sua esperança na rápida libertação dos 24 tripulantes, que, adiantou, “passavam bem”.
Nikolai Malomuzh, presidente do SIE, indicou que, em cooperação com os serviços de inteligência de outros países, deram assistência a Minas durante as negociações com os piratas e ajudaram a transferir a quantia do resgate pelo ar até o navio sequestrado.
O dinheiro foi jogado a partir de um avião ao mar próximo da embarcação. Em seguida, os piratas recolheram a quantia em uma lancha e começaram a contá-lo, conforme relato do presidente do SIE, que conversou com a agência “Unian”.
Lembrou que inicialmente os piratas queriam US$ 10 milhões e depois reduziram para US$ 6 milhões.
O proprietário, no entanto, oferecia US$ 850 mil e mais tarde aumentou para US$ 1,6 milhão, até que as partes acordaram a soma final.
Segundo Malomuzh, após seis meses de sequestro todos os tripulantes estão doentes, mas “não há situações críticas”.
Nem mesmo a mulher que estava grávida e perdeu o bebê durante o cativeiro corre risco de morte.
Detalhou que o estado de saúde da mulher melhorou nas últimas semanas graças aos remédios entregues pelos marinheiros espanhóis do atunero “Alakrana”, que em 14 de outubro tinham sido conduzido ao “Ariana” pelos próprios piratas.
Um membro do alto escalão ucraniano, disse que seu país pode ter participado do resgate, ao assinalar que “o dinheiro foi entregue pelo proprietário do navio, mas sua procedência ainda é uma incógnita”.
Após a libertação, a embarcação que não tem combustível para navegar ficará sob a custódia de uma embarcação portuguesa da operação “Atalanta”, que participa das operações contra a pirataria.
O presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, confirmou a libertação do cargueiro “Ariana” e felicitou os tripulantes, suas famílias e a todo o país.
Yushchenko ressaltou que a libertação dos marinheiros foi precedida de um árduo trabalho, de “conversas difíceis e tensas”.
“Vivemos momentos extremamente difíceis. Houve dias em que as conversas acabavam em um beco sem saída”, explicou o presidente.
O cargueiro, de 70 mil toneladas e de bandeira maltesa, foi sequestrado a 250 milhas ao sudoeste das ilhas Seychelles em 2 de maio, quando transportava soja e milho do Uruguai para o Irã.