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Mundo

Medo e desconfiança após Putin anunciar reforço militar na Ucrânia

Nas últimas semanas, uma contraofensiva ucraniana relâmpago expulsou as tropas de Moscou da região

Redação Jornal de Brasília

21/09/2022 16h44

Foto: AFP

Mísseis russos atingiram edifícios residenciais em Kharkiv nesta quarta-feira(21), em linha com uma possível escalada da guerra na Ucrânia, após o anúncio de reforço militar feito pelo presidente russo Vladimir Putin.

“Nosso bairro era relativamente tranquilo e agora vejam o que aconteceu”, disse à AFP Liubov, de 65 anos.

Situada a cerca de 40 quilômetros da fronteira russa, Kharkiv foi atacada no primeiro dia da ofensiva iniciada em 24 de fevereiro. Apesar de resistir ao ataque, tem sido bombardeada regularmente pelas forças russas.

Nas últimas semanas, uma contraofensiva ucraniana relâmpago expulsou as tropas de Moscou da região. Mas a Rússia é capaz de atingi-la com mísseis a partir de seu próprio território.

Pouco antes das duas da madrugada desta quarta-feira, quatro mísseis caíram no bairro de Kholodnogorsky, deixando um civil ferido.

Liubov coordena equipes de limpeza que trabalham para retirar os escombros. “A guerra é um desastre. É aterrorizante, doloroso e miserável. Como é possível suportar algo assim?”, lamenta, enquanto as sirenes antiaéreas continuam em atividade, se misturando ao som dos sinos da igreja de Santa Sofia, onde os fieis ortodoxos oravam para a Virgem Maria.

Medo devastador

“Muita gente perdeu suas casas e o inverno está chegando. Cada noite nos deitamos com medo. Continuamos trabalhando. Disparam e trabalhamos”, afirma Liubov.

Os bombardeios foram retomados algumas horas antes do anúncio do presidente russo Vladimir Putin da mobilização parcial de cerca de 300 mil reservistas.

Viktoria Ovtchinnikova, mãe de dois filhos, sente “um medo devastador”. “Temo pelas crianças”, confessa a mulher de 43 anos. “É um milagre que tenhamos sobrevivido” ao ataque desta noite, afirma.

“Estão matando civis. Aqui não há nada além de praças e residências”, se indigna Svitlana, outra moradora.

Galyna, de 50 anos, afirma não entender os russos. “Protegemos nossa pátria. É nosso território. Pra que tudo isso?”, pergunta.

Em Kiev, a capital atualmente longe da frente de batalha e que não é afetada pelos bombardeios desde o final de junho, o estado de ânimo parece mais combativo.

“Acredito que não temos que prestar atenção nas declarações do ditador russo”, afirma Oleg Slabospytsky, uma militante da sociedade civil, de 33 anos.

“O fato de anunciar uma mobilização ou um novo decreto na Rússia não mudará nada para nós na Ucrânia”, garante.

“Ou vencemos a Rússia ou o inimigo ocupará a totalidade de nossos territórios”, destaca.

© Agence France-Presse

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