O porta-voz da Presidência do Parlamento, Mohammed Balut, foi o encarregado de anunciar o novo atraso na escolha, que estava prevista para hoje às 12h (horário local).
Apesar da forte chuva que caía sobre Beirute, os deputados compareceram ao órgão do Legislativo, no que já se tornou uma rotina semanal. Enquanto os parlamentares da maioria entraram no plenário, os da oposição se ausentaram para não ter que votar.
Pouco antes, os meios de comunicação libaneses informaram sobre a possibilidade de a Constituição ser emendada hoje para que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas libanesas, o general Michel Sleiman, pudesse chegar à Presidência.
O nome de Sleiman apareceu com força nas últimas semanas como possível candidato à chefia do Estado e já recebeu o apoio de diversas partes.
No entanto, sua candidatura enfrenta um obstáculo: é necessário reformar a Constituição para que Sleiman possa se tornar presidente.
No artigo 49, a Carta Magna estipula que para que um alto funcionário da República chegue à Presidência, é preciso transcorrer dois anos entre a renúncia ao primeiro cargo e a posse do segundo.
Além disso, a maioria governista e a oposição discordam sobre a legalidade do Governo do primeiro-ministro Fouad Siniora, que deve apresentar a emenda ao Parlamento para sua aprovação.
A oposição, liderada pelo grupo xiita Hisbolá, considera que o Executivo é “ilegal e ilegítimo”, já que em pouco mais de um ano seis ministros da oposição – cinco deles xiitas – renunciaram.
Além disso, enquanto os governistas pedem que primeiro seja eleito um presidente para depois tratar de outros temas, a oposição exige que antes da emenda da Carta Magna seja alcançado um acordo global.
Na saída do plenário hoje, a ministra de Assuntos Sociais, Nayla Moawad, acusou o presidente do Parlamento, o xiita Nabih Berri, líder da oposição, de impedir o desenvolvimento do processo eleitoral para a escolha de um presidente, o que constitui um “golpe de Estado” contra a Constituição.
O deputado da oposição pró-Síria Nehmtallah Abi Nasr declarou que alguns membros de seu bloco foram hoje ao plenário para negociar, embora tenha esclarecido que se a maioria não aceitar suas reivindicações eles não cederão.
O principal candidato da oposição, Michel Aoun, pôs uma série de condições prévias para que Sleiman chegue à chefia do Estado, entre elas de que o mandato do novo presidente seja de dois anos em vez de seis, e de que o primeiro-ministro libanês seja eleito por consenso.
A reunião de hoje foi adiada porque “não houve o quorum de dois terços” dos deputados necessários para a votação conforme determina a Constituição, segundo Nasr, que expressou sua esperança de que terça-feira seja possível fazer a emenda constitucional e a escolha do presidente.
No entanto, o deputado da maioria anti-Síria, Elias Atallah, não compartilha esse otimismo.
“Com o comportamento da oposição, não posso ser otimista”, se queixou Atalah.
“Berri, como de costume, por razões ilógicas, complica a situação para que não haja escolha presidencial”, lamentou o deputado, que acrescentou: “nós cedemos e renunciamos a nossa oposição à emenda constitucional para facilitá-la e chegar a um acordo”.
Enquanto isso, o Líbano continua sem presidente desde o dia 24 de novembro, data em que expirou o mandato de Émile Lahoud.