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Justiça dos EUA decide destruir, e não devolver, arma usada por Kyle Rittenhouse para matar dois

Rittenhouse, um jovem branco de 18 anos, foi inocentado em novembro, após seus advogados alegarem que ele agiu em legítima defesa

FolhaPress

28/01/2022 19h04

O fuzil AR-15 que o americano Kyle Rittenhouse usou para atirar em três homens –dois dos quais morreram– durante um ato antirracista em Kenosha, nos Estados Unidos, em 2020, será destruído, segundo determinou o juiz Bruce Schroeder nesta sexta (28).

Rittenhouse, um jovem branco de 18 anos, foi inocentado em novembro, após seus advogados alegarem que ele agiu em legítima defesa. O caso polarizou os EUA, e o adolescente virou uma espécie de ícone político conservador –ele chegou a se encontrar com o ex-presidente Donald Trump, que o chamou de “um jovem muito bom”.

O jovem pediu, em um processo judicial de 19 de janeiro, que a arma lhe fosse devolvida, junto com vários outros itens que foram levados enquanto ele estava em julgamento. Ele não esteve presente na audiência desta sexta, quando parte do pedido foi negada. O laboratório criminal de Kenosha deve destruir o fuzil ainda neste ano, provavelmente em abril, segundo informou a promotoria.

A defesa de Rittenhouse alegou que ele queria o fuzil, bem como os demais itens, justamente para destruí-los, de modo que não fossem usados como “símbolos políticos”. O advogado Mark Richards disse a repórteres que ninguém deveria lucrar com isso e informou que pessoas entraram em contato com seu cliente para comprar a arma, segundo relatos da agência de notícias Associated Press.

A arma foi comprada para Rittenhouse quando ele tinha 17 anos por um amigo, Dominic Black, à época com 18. Black foi preso e alvo de duas acusações por fornecer uma arma a um menor de idade, resultando em mortes. Há poucas semanas, ele aceitou um acordo de confissão e recebeu multa de US$ 2.000 (R$ 10.700).

Ainda nesta sexta, o juiz Schroeder também determinou que o valor de US$ 2 milhões (R$ 10,7 milhões) pago por Rittenhouse como fiança fosse devolvido. A verba foi levantada por meio de doações de conservadores de todo o país, em campanha organizada pela defesa do jovem. O montante será dividido entre os advogados, a fundação criada para colher as doações da fiança e o ator americano Ricky Schroder, da série “Silver Spoons”, que doou para o fundo de defesa.

Os tiros disparados pelo jovem durante a manifestação antirracista resultaram nas mortes de Joseph Rosenbaum e Anthony Huber, e Gaige Grosskreutz saiu ferido. Rittenhouse foi inocentado de duas acusações de homicídio, uma de tentativa de homicídio e duas de ameaça à segurança pública, o que foi acolhido com indignação por movimentos sociais e figuras políticas ligadas à esquerda americana.

Os atos em Kenosha, em Wisconsin, em meio aos quais ocorreu o caso, começaram após Jacob Blake, um homem negro, ser baleado pelas costas por um agente branco durante uma abordagem policial dois dias antes, em uma ação filmada por testemunhas. Três meses antes, George Floyd havia sido assassinado por um outro policial branco.

Rittenhouse morava em Antioch, no estado de Illinois, a cerca de 33 km de Kenosha. Ele cruzou a divisa até o estado vizinho em resposta ao chamado de grupos civis, formados majoritariamente por pessoas brancas, contrários à pauta antirracista dos protestos.

Imagens gravadas por testemunhas registraram o momento em que manifestantes tentam desarmar Rittenhouse após ele atirar em um deles. O adolescente então fez disparos à queima-roupa contra seus perseguidores, o que resultou nas duas mortes.

O processo judicial em torno do caso já havia ganhado projeção em outros momentos. Um deles foi quando o juiz Bruce Schroeder, o mesmo responsável pela decisão sobre a destruição da arma, determinou que a acusação não poderia se referir aos baleados como vítimas, porque, em sua visão, o termo está carregado de pré-julgamento. Em contrapartida, o promotor Thomas Binger pediu que a defesa de Rittenhouse fosse proibida de descrever Rosenbaum, Huber e Grosskreutz como “desordeiros, saqueadores ou incendiários”.

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