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Já não há ‘bebês de tamanho normal’ em Gaza, denuncia funcionário da ONU

“Essas mães deveriam estar segurando seus filhos nos braços, não em sacos para cadáveres.”

Redação Jornal de Brasília

15/03/2024 20h06

Foto: SAID KHATIB / AFP

“Os médicos já não veem bebês de tamanho normal” em Gaza, declarou, nesta sexta-feira (15), um funcionário da ONU, “aterrorizado” pelas 180 mulheres famintas e desidratadas que, em média, dão à luz a cada dia no território palestino.

“Pessoalmente, saí de Gaza esta semana aterrorizado pelo milhão de mulheres e meninas que estão em Gaza, pelas 650.000 que estão em idade fértil e, sobretudo, pelas 180 mulheres que dão à luz a cada dia”, disse Dominic Allen, responsável para os territórios palestinos do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), durante uma coletiva de imprensa em vídeo de Jerusalém.

Allen visitou hospitais que ainda oferecem serviços de maternidade no norte da Faixa de Gaza, onde mais de 31.000 pessoas morreram desde o começo da ofensiva israelense, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

“Os médicos dizem que já não veem bebês de tamanho normal” e que veem mais “bebês nascidos mortos”, lamentou, descrevendo mulheres grávidas “esgotadas pelo medo, por terem sido deslocadas diversas vezes, pela fome” e a desidratação.

“Essas mães deveriam estar segurando seus filhos nos braços, não em sacos para cadáveres.”

Também destacou a falta de anestésico para cesáreas e condenou o fato de as autoridades israelenses impedirem o acesso de produtos enviados pela UNFPA, como as lanternas contidas em “kits de parteira” e painéis solares.

“Se posso descrever o que vi, senti e ouvi durante minha estada em Gaza […] é um pesadelo maior do que uma crise humanitária, é uma crise de humanidade”, disse.

“É pior do que eu posso descrever, do que mostram as fotos, do que se possa imaginar”, frisou.

Na viagem ao norte da Faixa, “o que vi partiu meu coração”, insistiu, citando a “emoção indescritível” nos olhos da população.

“Todas as pessoas que vimos e com as quais falamos estavam muito magras, famintas, todas faziam este sinal para pedir comida”, descreveu, levando as mãos à boca.

Também contou ter passado por um posto de controle militar, onde “um menino pequeno, que parecia ter cinco anos, caminhava assustado, com as mãos para o alto, com sua irmã logo atrás, talvez dois anos mais velha, portando uma bandeira branca”.

A guerra começou em 7 de outubro por um ataque sem precedentes no sul de Israel por parte de comandos do Hamas vindos de Gaza, que causou a morte de pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em fontes oficiais israelenses.

© Agence France-Presse

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