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J.D. Vance, de porta-voz dos marginalizados a braço direito de Trump

No começo do ano, esse senador de Ohio avisou àqueles que não estão alinhados com Trump que ele tem uma boa memória

Redação Jornal de Brasília

07/11/2024 22h54

republican vice presidential nominee jd vance casts his ballot in cincinnati

Foto: Stephen Maturen / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

Porta-voz dos americanos marginalizados, J.D. Vance será vice-presidente dos Estados Unidos após uma trajetória vertiginosa e atípica.

Vance tem sido um dos defensores mais eficazes de Donald Trump no Congresso, onde promoveu a ideologia trumpista, criticou a imigração, insistiu no cristianismo como pedra angular da moralidade e criticou o apoio militar à Ucrânia.

No começo do ano, esse senador de Ohio avisou àqueles que não estão alinhados com Trump que ele tem uma boa memória. “Se hoje você luta politicamente contra Trump e os candidatos que ele apoia, não peça a minha ajuda”, declarou.

Nem sempre Vance foi assim. Anos atrás, ele dizia que nunca apoiaria Trump, a quem chamava de “idiota”, “nocivo” e “repreensível”, chegando a mencionar em conversa privada temer que o republicano pudesse se tornar “o Hitler dos Estados Unidos”.

Vance encarna o sonho americano como ninguém. Teve uma infância difícil, em um lar sem pai, no chamado “cinturão da ferrugem”, região do centro-oeste marcada pelo declínio industrial, antes de servir no exército e seguir carreira no Vale do Silício.

O futuro vice-presidente ganhou fama com as memórias de 2016 “Era Uma Vez Um Sonho”, um relato bem-sucedido de sua infância humilde e caótica em uma pequena cidade de classe trabalhadora símbolo da deterioração das áreas dos Estados Unidos povoadas majoritariamente por pessoas brancas. Com isso, deu voz ao ressentimento rural da classe trabalhadora em uma parte esquecida do país.

‘Ataque à democracia’

Mais tarde, Vance se reinventou como apoiador de Trump e ganhou o apoio-chave do ex-presidente na corrida de 2022 pelo Senado. “O governo Biden quer que Trump morra na prisão e querem arruinar a sua família. É o maior ataque à democracia que já vimos”, publicou o futuro vice-presidente em março, na rede social X.

Nascido em 2 de agosto de 1984, em Ohio, Vance trabalhou como assistente de um juiz federal após se formar na faculdade de direito de Yale. Em 2014, casou-se com Usha Chilukuri, colega de faculdade e filha de imigrantes indianos.

Em 2017, Vance trabalhou no mundo do investimento tecnológico. A essa altura, suas memórias já haviam ressoado entre a classe trabalhadora americana, que lidava com a estagnação econômica e o vício em drogas, e se tornaram um filme indicado ao Oscar estrelado por Glenn Close e Amy Adams.

Vance aproveitou sua história pessoal para se tornar um comentarista requisitado, e ficou amigo do filho mais velho de Trump, que, aparentemente, influenciou em sua escolha como candidato à vice-presidência.

Guerreiro

Anos atrás, Vance era afável e estudioso, mas se tornou um guerreiro muito apreciado por Trump, que lança ataques verbais contra os adversários do líder republicano, segundo seu entorno.

Após a primeira tentativa de assassinato contra Trump, Vance afirmou que o presidente democrata, Joe Biden, fomentou-a com uma retórica que descreve o republicano como “um fascista autoritário”.

Perfeitamente alinhado com o movimento América Primeiro, de Trump, em temas como reforma migratória, protecionismo econômico e conservadorismo cultural, Vance adotou o estilo combativo do presidente eleito, mas está mais à direita em muitos temas, como o direito ao aborto, que ele combate.

© Agence France-Presse

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