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Israel invade novamente maior hospital de Gaza em operação com mortos

A operação, que aconteceu durante a madrugada desta segunda-feira (18), fez vítimas e, segundo o grupo terrorista

Redação Jornal de Brasília

18/03/2024 9h47

Foto: Divulgação

SÃO PAULO
(FOLHAPRESS)

Israel invadiu pela segunda vez desde o início da guerra contra o Hamas, em outubro, o maior hospital da Faixa de Gaza. A operação, que aconteceu durante a madrugada desta segunda-feira (18), fez vítimas e, segundo o grupo terrorista, causou um incêndio em um dos prédios.

Considerado, antes do conflito, o principal hospital do território palestino, o Al-Shifa é atualmente uma das poucas instalações de saúde parcialmente operacionais no norte de Gaza após todas as outras colapsarem por escassez de suprimentos e falta de condições de trabalho devido aos combates. Além de pacientes, o hospital também abriga centenas de civis deslocados.

O Exército israelense alega que o centro de saúde estaria sendo usado por líderes do Hamas e que os soldados foram recebidos com tiros ao entrar no complexo.

“As tropas responderam com fogo e foram identificados acertos. Nossas tropas continuam operando na área do hospital”, afirmou Israel, que pediu ainda o esvaziamento do prédio.

Ainda de acordo com Tel Aviv, o sargento Matan Vinogradov foi morto em uma troca de tiros na área do hospital. A morte do militar de 20 anos eleva para 250 o número de baixas do Exército israelense durante o conflito.

 Dentro do hospital, o cenário era de pânico, segundo pessoas que estavam dentro do prédio. À BBC, o vice-diretor do departamento de emergência de Al-Shifa, Amjad Eliwah, afirmou que havia cerca de 20 médicos, 60 enfermeiras e centenas de pacientes no local. Segundo ele, a equipe tentou se esconder de ataques de drones israelenses após ouvir tiros por volta das 2h30.

“Qualquer pessoa no terreno do hospital foi alvo”, disse o médico à rede britânica. “Há muitos feridos, pessoas estão sangrando. Minha equipe está escondida nos corredores -eles receberam ordens de um alto-falante para não se moverem.”

Ainda de acordo com o relato de Eliwah à BBC, Israel invadiu duas escolas nas proximidades do hospital, prendeu os homens que estavam ali e ordenou que as mulheres saíssem do local. Segundo Israel, 80 pessoas foram presas durante a operação.

Mohammad Ali, 32, pai de dois filhos, mora a cerca de um quilômetro do hospital e disse à agência de notícias Reuters ter ouvido sons de explosões durante a madrugada. “Não sabemos o que está acontecendo, mas parecia uma reinvasão da Cidade de Gaza”, afirmou.

A cidade foi um dos primeiros alvos de Tel Aviv após o início da guerra, que começou após o Hamas atacar o sul de Israel no dia 7 de outubro, matar cerca de 1.200 pessoas e sequestrar 250. Desde então, o revide israelense matou 31.726 pessoas e feriu outras 73.792, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas desde 2007.

Após o ataque, Israel limitou a entrada de ajuda humanitária, provocando fome entre a população de Gaza e inutilizando hospitais em quase todo o território palestino, incluindo o Al-Shifa. Nesta segunda, um relatório da CIF (Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar) apoiado pela ONU mostrou que metade dos habitantes de Gaza –1,1 milhão de pessoas– sofre de fome “catastrófica”.

“Estamos trabalhando apenas com primeiros socorros, essencialmente, não podemos operar porque não há luz nem água”, afirmou à BBC, de dentro do hospital, o residente Amer Jedbeh. “Uma bomba atingiu nosso prédio no primeiro andar, ferindo várias pessoas. Um homem morreu, não pudemos salvá-lo.”

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Segundo o Hamas, um incêndio começou na entrada do complexo, causando casos de sufocamento entre mulheres e crianças deslocadas que estavam abrigadas no hospital. Ainda de acordo com o grupo terrorista, a comunicação foi interrompida e pessoas ficaram presas dentro das unidades de cirurgia e emergência.

“Existem vítimas, incluindo mortes e feridos, e é impossível resgatar alguém devido à intensidade do fogo e ao ataque a quem se aproxima das janelas”, disse o Ministério da Saúde do território palestino.

Enquanto isso, o Exército israelense distribuiu novos panfletos ao redor do hospital.

“A todos os que estão deslocados em Al-Shifa e arredores: vocês estão em uma zona de combate perigosa. O Exército de Israel está operando com força em suas áreas residenciais para destruir a infraestrutura terrorista”, disse o comunicado, que ordenou que as pessoas seguissem pela estrada costeira em direção a Al-Mawasi, no sul do território.

O exército emitiu imagens granuladas de drones da operação que, segundo eles, mostravam tropas sendo alvejadas de vários prédios no complexo hospitalar. Imagens que circularam nas redes sociais pareciam mostrar um tanque israelense bloqueando o portão principal do hospital.

Em comunicado, o Hamas afirmou que o Exército israelense cometeu um novo crime ao atacar diretamente os prédios do hospital sem se importar com pacientes, equipe médica ou pessoas deslocadas.

Esta é a segunda vez que o Al-Shifa é invadido –na primeira, em novembro, Israel foi duramente criticado. Tel Aviv afirmou na ocasião ter descoberto túneis que teriam sido usados como centros de comando e controle pelo Hamas. Tanto o grupo terrorista quando a equipe médica negam que o centro de saúde tenha sido usado para fins militares ou para abrigar combatentes.

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