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Israel estabelece prazo até o Ramadã para Hamas libertar reféns

“O Hamas tem a escolha. Eles podem render-se, libertar os reféns e os civis de Gaza poderão celebrar o Ramadã”, acrescentou o ex-ministro

Redação Jornal de Brasília

19/02/2024 15h21

(Photo by AHMAD GHARABLI / AFP)

A Faixa de Gaza foi palco de combates violentos nesta segunda-feira (19), que prosseguirão durante o mês sagrado do Ramadã, exceto se o Hamas libertar todos os reféns, advertiu Israel, que ameaça entrar em Rafah, refúgio de mais de um milhão de deslocados no sul do território.

A comunidade internacional pediu a proteção dos 1,4 milhão de palestinos refugiados nessa cidade na fronteira com o Egito, depois que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou sua intenção de invadi-la.

Benny Gantz, membro do gabinete de guerra de Netanyahu, alertou no domingo que o exército israelense estava disposto a entrar em Rafah inclusive durante o Ramadã, que, segundo o calendário lunar, começa em 10 de março.

“O mundo deve saber, e os líderes do Hamas devem saber: se até o Ramadã os nossos reféns não estiverem em casa, os combates continuarão em todas as partes, incluindo a área de Rafah”, declarou Gantz, em Jerusalém.

“O Hamas tem a escolha. Eles podem render-se, libertar os reféns e os civis de Gaza poderão celebrar o Ramadã”, acrescentou o ex-ministro da Defesa.

Gantz afirmou que Israel facilitará a evacuação de civis, embora não tenha ficado claro para onde serão realocados.

Segundo imagens de satélite, o Egito começou a construir uma área cercada de muros perto da fronteira, no que parece uma medida de precaução no caso da chegada em massa de refugiados.

Lula “persona non grata”

Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre na Faixa de Gaza em 7 de outubro, em resposta ao ataque do Hamas contra seu território, que resultou em 1.160 mortes, segundo um balanço da AFP com base em números israelenses.

O movimento islamista, que Israel busca “aniquilar”, também capturou 250 pessoas, das quais 130 ainda estão detidas em Gaza, incluindo 30 que teriam morrido, de acordo com o Estado israelense.

A campanha militar de Israel já deixou pelo menos 29.092 mortos, a maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde do enclave, governado desde 2007 pelo Hamas, classificado como “terrorista” pelos Estados Unidos, Israel e União Europeia.

A ofensiva causou uma queda de 19,4% no Produto Interno Bruto (PIB) israelense no último trimestre de 2023.

Também gerou uma onda de críticas. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, declarou nesta segunda-feira o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva como “persona non grata” por comparar a guerra ao Holocausto.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza não é uma guerra, mas um genocídio”, declarou no domingo Lula, que comparou as ações israelenses com a campanha de Adolf Hitler para exterminar os judeus.

Netanyahu classificou seus comentários como “vergonhosos” e seu governo convocou o embaixador do Brasil para uma reunião com o chefe da diplomacia no memorial do Holocausto em Jerusalém.

As perspectivas de um cessar-fogo diminuíram nos últimos dias, apesar dos esforços do Egito, Estados Unidos e Catar para chegar a um acordo.

Netanyahu reafirmou no domingo sua promessa de “concluir o trabalho até alcançar a vitória total” sobre o grupo islamista palestino, com ou sem acordo sobre os reféns.

“Meus filhos estão passando fome”

Os confrontos são particularmente intensos em Khan Yunis, alguns quilômetros ao norte de Rafah.

Em imagens divulgadas pelo exército israelense do interior de Gaza, é possível ver tropas em combate de casa em casa, com ajuda de unidades caninas. Também são mostrados tanques atravessando os escombros entre prédios bombardeados.

Além de sua ofensiva, Israel impôs um certo total ao território palestino, impedindo a entrada de alimentos, água, medicamentos e combustível.

“Meus filhos estão passando fome, acordam chorando de fome”, contou uma mulher no norte de Gaza à AFP.

O Conselho de Segurança da ONU pretende discutir esta semana uma nova resolução para exigir um cessar-fogo em Gaza, mas Washington já antecipou que pode vetar o texto por considerar mais conveniente um acordo negociado de trégua com uma troca de reféns.

O principal tribunal das Nações Unidas iniciou uma série de audiências para analisar as consequências jurídicas da ocupação dos territórios palestinos por Israel desde 1967.

O ministro das Relações Exteriores da Autoridade Palestina, Riyad al Maliki, denunciou na Corte Internacional de Justiça (CIJ) que seu povo sofre com o “colonialismo e apartheid” sob a ocupação israelense.

O gabinete de Netanyahu informou que não participará das audiências, que buscam “prejudicar o direito de Israel de se defender de ameaças à sua existência”.

A guerra suscita temores de uma expansão do conflito. A agência nacional de informações do Líbano de um fotógrafo da AFP informaram que dois bombardeios israelenses atingiram nesta segunda-feira Ghaziyeh, no sul do Líbano.

© Agence France-Presse

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