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Inflação desacelera a 13% na Argentina e é boa notícia para Milei

Os alimentos e bebidas, principal preocupação do dia a dia nas classes baixa e média argentinas, registraram uma alta de 12% em fevereiro

Redação Jornal de Brasília

12/03/2024 18h11

Foto: AFP

JÚLIA BARBON

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS)

Fevereiro veio com um respiro para o presidente argentino Javier Milei, que comemorou uma inflação de 13% no mês passado, divulgada nesta terça (12). O número ficou abaixo do esperado, que era de cerca de 15%, e representa uma desaceleração significativa em relação aos meses de dezembro e janeiro.

Ainda assim, os preços acumularam um aumento de 276% nos últimos 12 meses no país e continuam nos níveis mais altos desde o início da década de 1990, quando a Argentina saía de uma hiperinflação. O vizinho também segue com a pior marca do mundo, depois de passar Venezuela e Líbano recentemente.

A Casa Rosada divulgou um comunicado afirmando que o novo índice “é resultado do trabalho do governo para impor uma forte disciplina fiscal”. “A subida inflacionária que enfrentamos é produto da emissão descontrolada de dinheiro nos últimos anos e do desperdício gerado pelo programa econômico do ex-ministro [peronista] Sergio Massa”, escreveu.

Nesta segunda, o Banco Central -que na Argentina é fortemente ligado ao governo- decidiu baixar a taxa de juros de 110% para 80% anuais, o que deve incentivar os investimentos em dólares, argumentando que desde dezembro a conjuntura econômica apresenta sinais “visíveis de redução da incerteza macroeconômica”.

A forte queda da atividade e do consumo, porém, causadas pela diluição dos salários e das aposentadorias que não subiram no mesmo ritmo dos preços desde dezembro, também são apontadas como causas para a desaceleração da inflação em fevereiro. O governo terá o desafio de manter a tendência de queda em março, mês em que sazonalmente se espera aumento de algumas tarifas.

Segundo o Indec, o equivalente ao IBGE argentino, no último mês as categorias que mais subiram no país foram telefonia e internet (25%), transporte (22%) e água, eletricidade, gás e outros combustíveis (20%), refletindo a retirada de subsídios do governo nos transportes públicos e nas contas de luz.

Os alimentos e bebidas, principal preocupação do dia a dia nas classes baixa e média argentinas, registraram uma alta de 12% em fevereiro, abaixo da média geral, depois de uma explosão em dezembro. As famílias têm cortado itens da lista do mercado e até refeições inteiras, sem conseguir pagar pela comida.

Diante dessa situação, o governo de Milei anunciou nesta terça que vai abrir as importações de itens da cesta básica e retirar alguns de seus impostos, para aumentar a competitividade e acelerar a correção dos preços. Segundo o porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, os empresários de supermercados admitiram que os valores subiram além do que deveriam nas gôndolas.

“O ministro [da Economia] Luis Caputo se reuniu com empresários de supermercados nesta segunda [11] para conversar sobre a evolução da inflação e, nessa reunião, eles reconheceram que houve um aumento de preços acima da expectativa da inflação”, disse Adorni em sua entrevista coletiva diária.

Em dezembro, Milei já havia anunciado a extinção do sistema de importações argentino chamado Sira, que antes exigia a autorização prévia do governo para compras internacionais, na intenção de evitar a fuga de dólares do país. O novo presidente o substituiu por um sistema automatizado, sem interferência do Estado.

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