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Hamas aceita proposta de trégua em Gaza; Israel intensifica bombardeios em Rafah

Depois do anúncio do Hamas, o Exército israelense lançou intensos bombardeios sobre o leste da superlotada Rafah

Redação Jornal de Brasília

07/05/2024 5h36

Divulgação: Exercito Israelense

O movimento islamista Hamas aceitou, nesta segunda-feira (6), uma proposta apresentada pelos mediadores para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, depois que Israel iniciou a evacuação de Rafah diante da anunciada invasão da cidade.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, assinalou que a proposta fica “muito longe das exigências” de seu país, mas mandará uma delegação “para esgotar as possibilidades de alcançar um acordo”.

Depois do anúncio do Hamas, o Exército israelense lançou intensos bombardeios sobre o leste da superlotada Rafah, cujos habitantes tinham sido convocados a deixar a região, segundo constatou a AFP.

Fontes presenciais e de segurança palestinas evocaram intensos ataques israelenses que, segundo o hospital kuwaitiano da cidade, deixaram “cinco mártires e vários feridos”.

Segundo Israel, a evacuação deve preparar o terreno para uma operação terrestre contra essa cidade na ponta sul de Gaza, à qual se opõem muitos países, entre eles os Estados Unidos, principais aliados de Israel.

“Uma invasão terrestre de Rafah seria intolerável por suas consequências humanitárias devastadoras e seu impacto desestabilizador na região”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Horas antes, as ruas dessa cidade foram cenário de comemoração, com cânticos de “Allahu Akbar” (“Deus é o maior”) e tiros para o alto, após o anúncio do Hamas de que aceitava uma proposta de trégua.

Um dirigente do alto escalão do movimento islamista palestino, Khalil al-Hayya, disse à emissora Al Jazeera que a proposta contempla três fases, cada uma com 42 dias de duração.

Ela incluiria a retirada completa do Exército israelense da Faixa de Gaza, a volta dos deslocados e a troca de reféns ainda cativos no território sitiado por presos palestinos detidos em Israel, visando a um “cessar-fogo permanente”.

“Agora a bola está no campo de Israel”, disse um dirigente do Hamas, classificado como terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, sob a condição do anonimato.

Na madrugada desta terça-feira (horário local, noite de segunda em Brasília), a chancelaria do Catar anunciou o envio de uma delegação ao Cairo para “relançar as negociações indiretas […] com a esperança de chegar a um acordo para o cessar-fogo imediato e permanente”.

De sua parte, os Estados Unidos declararam que estavam “examinando” a resposta do Hamas.

Evacuação de Rafah

Na manhã desta segunda (06), o Exército israelense havia iniciado “uma operação de alcance limitado para evacuar temporariamente os moradores da parte leste” de Rafah que, segundo seu porta-voz Daniel Hagari, concerne umas “100 mil pessoas”.

Um representante do Crescente Vermelho palestino no leste de Rafah assegurou que as pessoas estão fugindo “apavoradas, em meio ao pânico”, e avaliou que a região designada pelo Exército israelense afeta cerca de 250 mil pessoas.

Israel considera essencial a operação em Rafah para “destruir os últimos quatro batalhões” do movimento islamista em território palestino.

A ONU estima que cerca de 1,2 milhão de pessoas vivam nesta cidade fronteiriça com o Egito e assegura que é “impossível realizar uma evacuação em massa de tal magnitude de forma segura”.

O Exército declarou ter ampliado “a área humanitária para Al Mawasi”, localidade situada no litoral, a cerca de dez quilômetros de Rafah.

A zona “não tem espaço suficiente para instalarmos nossas barracas de camping”, disse Abdul Rahman Abu Jazar, um palestino de 36 anos.

‘Mais guerra e fome’

Esta ordem de evacuação “pressagia o pior: mais guerra e fome”, disse, nesta segunda, o alto representante para a política externa da União Europeia (UE), Josep Borrell.

A Casa Branca, por sua vez, informou que o presidente americano, Joe Biden, “reiterou sua clara posição” contra esta operação em uma conversa por telefone com Netanyahu.

A operação “aumentaria dramaticamente o sofrimento do povo palestino”, declarou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

A presidência da Autoridade Palestina pediu que os Estados Unidos “intervenham para evitar este massacre”.

A guerra teve início em 7 de outubro, quando comandos islamistas lançaram um ataque no sul de Israel, no qual morreram 1.170 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250, segundo um balanço baseado em dados israelenses.

As autoridades de Israel estimam que, após uma troca de reféns por presos palestinos em novembro, 128 pessoas permaneçam em cativeiro em Gaza, das quais 35 teriam morrido desde então.

A ofensiva em represália lançada por Israel já deixou 34.735 mortos em Gaza, também civis em sua maioria, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas.

O movimento islamista alertou, em nota, que Israel prepara a ofensiva em Rafah “sem considerar a catástrofe humanitária na Faixa nem o destino dos prisioneiros inimigos em Gaza”, em alusão aos reféns israelenses.

O gabinete de Netanyahu informou que a operação seguirá adiante “para exercer uma pressão militar sobre o Hamas a fim de impulsionar a libertação de reféns”.

Alguns israelenses se manifestaram em Tel Aviv na última hora desta segunda para pedir ao governo que aceite um acordo que permita libertar as pessoas mantidas em cativeiro.

O Fórum de Familiares de Reféns informou, em nota, que o anúncio do Hamas “deve abrir o caminho” para que eles voltem para casa.

© Agence France-Presse

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