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General do Irã admite ao menos 300 mortes em protestos contra regime

Nesta segunda, segundo a Reuters, Ali Bagheri Kani, vice-chanceler do país, falou em cerca de 50 policiais mortos nos atos, além de centenas de feridos

FolhaPress

28/11/2022 21h08

Um general iraniano deu nesta segunda-feira (28) a primeira declaração oficial em ao menos dois meses sobre mortes nos protestos desencadeados pela morte da jovem Mahsa Amini, há dois meses e meio. Os atos representam o maior desafio público ao regime em anos.

Segundo um site alinhado à Guarda Revolucionária, o comandante da divisão aeroespacial das forças paramilitares, Amir Ali Hajizadeh, admitiu que mais de 300 pessoas morreram nas manifestações –o texto não cita um número exato nem a origem da informação.

De acordo com a agência Associated Press, o militar incluiu nessa conta o que chamou de mártires, em possível referência a agentes de forças de segurança mortos em conflito com manifestantes. Até aqui a versão oficial do regime menciona apenas mortes de policiais e militares.

Nesta segunda, segundo a Reuters, Ali Bagheri Kani, vice-chanceler do país, falou em cerca de 50 policiais mortos nos atos, além de centenas de feridos. O balanço também não especifica se o número de vítimas inclui representantes de forças paramilitares ou da Guarda Revolucionária, por exemplo.

Pela contagem de entidades de direitos humanos que monitoram a situação no Irã, porém, os números oficiais são subdimensionados. A ONG Direitos Humanos no Irã estima em 451 manifestantes e 60 agentes mortos desde o início dos atos, dias depois que Amini, 22, morreu sob custódia da polícia moral –ela havia sido detida sob acusação de não usar de forma correta o hijab, o véu islâmico.

Ainda segundo a AP, Hajizadeh teria dito que muitas das vítimas são iranianos comuns, que não se envolveram nos protestos. O general ainda reforçou a versão do regime de que os atos são fomentados por rivais de Teerã, como a Arábia Saudita, os EUA e outros países ocidentais, como forma de desestabilizar o país.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou na última semana a criação de uma missão para investigar a repressão no país do Oriente Médio. Como esperado, Teerã se recusou a colaborar com a iniciativa para esclarecer as ações de suas forças de segurança, em grande parte chefiadas pelo líder supremo do país, o aiatolá Ali Hhamenei.

Nesta segunda, o porta-voz da chancelaria iraniana, Nasser Kanaani, afirmou que a missão se trata de uma espécie de comitê político. “Temos informações provando que os EUA, países ocidentais e outros aliados americanos têm papel nos protestos”, disse ele, sem detalhar.

No fim de semana, o aiatolá Ali Khamenei se reuniu com membros da milícia paramilitar voluntária Basij na capital do país, Teerã. A força é uma das que atua na repressão a civis. Às dezenas de homens disse que muitos sacrificaram suas vidas no que chama de tumultos.

“Muitos sacrificaram suas vidas para proteger as pessoas dos manifestantes; a presença de Basij mostra que a Revolução Islâmica está viva”, disse, em discurso que também foi televisionado.

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