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Frio de -30ºc e herança dos gulag: como é a prisão de segurança máxima onde Navalni morreu

Navalni ficou semanas desaparecido durante a transferência até ser localizado, em 25 de dezembro, na IK-3, como é formalmente chamado

Redação Jornal de Brasília

16/02/2024 18h13

Foto: Kirill KUDRYAVTSEV / AFP

Conhecida como Lobo Polar, a prisão onde Alexei Navalni, o crítico de Vladimir Putin, foi encontrado morto é uma das mais duras da Rússia. O complexo fica localizado em Kharp, acima do Círculo Polar Ártico, onde as temperaturas passam dos 30ºC abaixo de zero.

Navalni ficou semanas desaparecido durante a transferência até ser localizado, em 25 de dezembro, na IK-3, como é formalmente chamado o complexo penitenciário, a quase 2 mil quilômetros de Moscou. “Eu sou o seu novo Papai Noel”, brincou ele na época enquanto aliados denunciavam que o objetivo da Rússia era isolar o crítico de Putin.

Depois, usou a mesma ironia para falar das condições da prisão, com temperaturas congelantes no inverno. “Há um problema – e não sei em qual tribunal abrir uma ação sobre isso – o tempo está ruim aqui”, disse em janeiro, quando relatou ter passado dez dias na solitária.

Condições da prisão

“No inverno, os prisioneiros eram reunidos no pátio usando roupas leves,” disse a ativista Olga Romanova à Radio Free Europe, citando relatos de um ex-detento da IK-3. “Eles eram mantidos em formação e não podiam bater palmas ou esfregar as mãos. Tinham que ficar parados por 30 ou 40 minutos sem se mexer quando a temperatura estava a -45ºC. Se alguém se mexesse, todo o grupo era molhado com água”, acrescentou.

Já na primavera, quando esquenta um pouco, são os mosquitos que castigam.

A colônia penal IK-3 foi construída na década de 1960, no lugar onde ficava o Gulag 501, um dos campos de trabalho forçado do regime Josef Stalin. Algumas características desse período, como o uso do clima como ferramenta de punição, estão presentes até hoje no sistema penitenciário da Rússia, principalmente nas colônias de regime especial, como o Urso Polar .

É lá que estão criminosos considerados perigosos, condenados por crimes violentos. Em outros casos, no entanto, a Rússia manda para o ártico alvos de processos considerados políticos, como era o caso de Navalni.

O advogado morreu nesta sexta-feira, 16, após passar mal no complexo. Proeminente opositor de Putin, ele já havia sofrido uma tentativa de envenenamento e cumpria penas que somavam mais de 30 anos de prisão.

Estadão Conteúdo

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