Menu
Mundo

França lança cartilha de guerra e sobrevivência para a população

O lançamento ocorre em um ambiente de conscientização para a possibilidade de um conflito armado nos próximos anos, possivelmente com a Rússia

Redação Jornal de Brasília

20/11/2025 8h37

cnne 229192 france attacks paris security

Foto: AFP

ANDRÉ FONTENELLE
FOLHAPRESS

A França lançou nesta quinta-feira (20) uma cartilha de preparação da população para uma guerra. Anunciado em março, o documento, batizado “Tous responsables” (Todos responsáveis), estará disponível apenas em formato digital, no site do governo francês.

O lançamento ocorre em um ambiente de conscientização para a possibilidade de um conflito armado nos próximos anos, possivelmente com a Rússia. Outros países da União Europeia já divulgaram cartilhas do gênero para a população.

Na quarta-feira (19), o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da França, o brigadeiro Fabien Mandon, surpreendeu em um congresso de prefeitos ao dizer que os franceses precisam “aceitar perder seus filhos”.

A declaração de Mandon foi criticada como alarmista por políticos de esquerda e de direita. Até a manhã de quinta, o presidente Emmanuel Macron, em viagem oficial à África, não havia se pronunciado a respeito.

Com 30 páginas, a cartilha parece o tempo todo preocupada em citar de forma sutil o risco de uma guerra. A ilustração de capa mostra situações como uma torre de eletricidade sabotada, um incêndio florestal ou um notebook vítima de um ciberataque. A referência mais direta é um desenho onde aparecem um militar, uma policial e um bombeiro.

Escrito com vocabulário extremamente simples, o texto começa afirmando: “Há muitos problemas no mundo: problemas por causa das mudanças climáticas, como inundações; guerras, por exemplo, na Ucrânia e no Oriente Médio; problemas comerciais, por exemplo, os problemas de taxas com os Estados Unidos.”

“Esses problemas podem se tornar crises. Devemos nos preparar para continuar a viver normalmente em caso de crise. Isso se chama resiliência.”

Em seguida, a cartilha preconiza a montagem de um extenso “kit de urgência” que permita sobreviver aos três primeiros dias de uma crise, “os mais difíceis”.

Compõem o kit proposto: seis litros de água por pessoa; comida em latas de conserva e um abridor; leite para bebês; café, chá, ração para animais; pastilhas de descontaminação de água, vendidas em farmácias; remédios e itens de primeiros socorros; óculos reserva; um rádio com pilhas; um carregador de celular; sabão, lanterna, pilhas, velas, fósforos, isqueiro, roupas quentes, cobertores, cópias de documentos, dinheiro em espécie e jogos e livros para passar o tempo.

A segunda parte do documento contém recomendações em caso de catástrofes variadas: enchentes, incêndios florestais, terremotos, furacões, tsunamis, erupções vulcânicas, acidentes nucleares, acidentes industriais, epidemias, ciberataques, ameaças terroristas. Por fim, o documento explica como se alistar nas Forças Armadas ou entrar para a polícia.

O brigadeiro Mandon não foi a única autoridade francesa a fazer referência direta e recente ao risco de uma guerra. Em julho, seu antecessor no Estado-Maior, o general Thierry Burkhard, disse à revista britânica The Economist que a Rússia será “uma ameaça real” à Europa até 2030.

Em discurso a militares em julho, Macron afirmou que desde o fim da Segunda Guerra Mundial “nunca a liberdade esteve tão ameaçada”, citando especificamente a “ameaça russa na fronteira da Europa, ameaça preparada, organizada, durável, que devemos ser capazes de encarar”.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado