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França inicia processo para ‘suspender’ Shein por venda de bonecas sexuais

Plataforma enfrentará investigação e deve comprovar conformidade com leis francesas, enquanto inaugura sua primeira loja física em Paris

Redação Jornal de Brasília

05/11/2025 13h58

Foto: DIMITAR DILKOFF / AFP

Foto: DIMITAR DILKOFF / AFP

A França anunciou, nesta quarta-feira (5), que iniciou o processo de suspensão da plataforma de comércio eletrônico Shein em seu território, poucas horas depois da gigante asiática inaugurar sua primeira loja física permanente no mundo, em Paris.

A empresa, fundada na China em 2012 e atualmente sediada em Singapura, vem sofrendo pressão na França há dias por vender bonecas sexuais com aparência infantil, prática que está sendo investigada pela Justiça.

“O governo está iniciando o processo de suspensão da Shein, dando à plataforma tempo para demonstrar às autoridades públicas que todo o seu conteúdo está finalmente em conformidade com nossas leis e regulamentos”, anunciou em um comunicado.

“Os ministros realizarão uma avaliação inicial nas próximas 48 horas”, acrescentou o comunicado, sem fornecer mais detalhes sobre como procederá.

A empresa disse tomar nota da decisão e reiterou que suas “prioridades absolutas” eram a “segurança” de seus clientes e a “integridade” de seu “marketplace”, onde vendedores terceirizados podem oferecer seus produtos online.

A plataforma expressou seu desejo de conversar rapidamente com as autoridades para responder às suas preocupações e anunciou também que suspenderá seu “marketplace” na França, após o escândalo das bonecas sexuais.

A empresa já recebeu este ano na França três multas no total de 191 milhões de euros (1,17 bilhão de reais), por descumprimento da legislação sobre “cookies”, promoções falsas, informações enganosas e não declarar microfibras plásticas.

Exemplo da pressão, a abertura de sua primeira loja física permanente nos históricos grandes armazéns BHV no centro de Paris foi realizada nesta quarta-feira sob um importante esquema policial.

– “Os tempos mudaram” –

No entanto, o escândalo não impediu as centenas de pessoas que fizeram fila horas antes para serem as primeiras a entrar no espaço Shein, de mais de 1.000 m² seja por curiosidade ou convencidas por uma marca que consideram acessível.

“Os tempos mudaram, as gerações mudaram”, afirmou à AFP Mohamed Joullanar, um jovem de 30 anos que já compra na Shein online e que não esperava entrar um dia no BHV, conhecido como “caro”.

Mas alguns, como Hammani Souhaila, saíram decepcionados. Os produtos vendidos na loja eram “mais caros do que online”, afirmou a mulher que, mesmo assim, comprou uma camiseta por 16,49 euros (18,93 dólares ou 102 reais) para sua filha de 17 anos.

A inauguração também foi marcada por protestos nas proximidades de ativistas pelos direitos das crianças: “Protejam as crianças, não a Shein”, dizia um dos cartazes.

Shein enfrenta críticas pelas condições de trabalho em suas fábricas e pelo impacto ambiental de seu modelo de negócios de moda ultrarrápida (fast-fashion), às quais se somou recentemente a controvérsia pela venda em sua plataforma de bonecas sexuais com aparência infantil.

– “Hipocrisia” –

O Ministério Público de Paris abriu investigações contra a Shein, assim como contra os concorrentes online AliExpress, Temu e Wish, focando na “disseminação de mensagens violentas, pornográficas ou contrárias à dignidade acessíveis a menores”.

A imprensa francesa publicou uma foto de uma das bonecas vendidas na plataforma, acompanhada de uma legenda explicitamente sexual. Ela mede cerca de 80 centímetros de altura e segura um urso de pelúcia.

A Shein comprometeu-se a “cooperar plenamente” com a Justiça e anunciou que está impondo uma proibição a todas as bonecas sexuais.

Frédéric Merlin, o diretor de 34 anos da empresa SGM que opera a BHV, admitiu que considerou cancelar a parceria com a Shein após o último escândalo, mas depois mudou de ideia. “Tem 25 milhões de clientes na França”, destacou nesta quarta-feira.

Merlin disse confiar nos produtos que a Shein venderá em sua loja e denunciou uma “hipocrisia geral” em torno do gigante asiático, cuja chegada provocou a saída de algumas marcas desses grandes armazéns.

A ascensão meteórica da Shein, que planeja abrir outras lojas na França, tem sido um problema para as empresas tradicionais de moda varejista, que temem ter que fechar.

AFP

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