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Espanha: celulares do primeiro-ministro e da ministra da Defesa foram alvos de escutas ilegais

Escutas ilegais foram feitas por meio do software israelense Pegasus, anunciou o governo espanhol nesta segunda-feira.

Redação Jornal de Brasília

02/05/2022 7h39

Foto: Divulgação / AFP

Os telefones celulares do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, e de sua ministra da Defesa, Margarita Robles, foram alvos de escutas telefônicas “ilegais” e “externas” por meio do software israelense Pegasus, anunciou o governo espanhol nesta segunda-feira.

“Não são suposições”, declarou, durante uma entrevista coletiva convocada com caráter de urgência, o ministro da presidência, Félix Bolaños, que mencionou “fatos de enorme gravidade” ocorridos em 2021.

“Temos a absoluta certeza de um ataque externo (…) porque na Espanha, em uma democracia como a nossa, todas as intervenções acontecem por meio de organismos oficiais e com autorização judicial”, disse Bolaños.

“Neste caso, nenhuma das duas circunstâncias ocorreu”, acrescentou. “Por isso temos a certeza, não temos nenhuma dúvida de que é uma infecção, é uma intervenção que é externa”, destacou o ministro. 

Bolaños não especificou, no entanto, se as autoridades espanholas têm algum indício sobre quem pode estar por trás da intervenção ou se pensam em algum país estrangeiro.

“Quando falamos que é uma interferência externa, o que queremos dizer é que é alheia aos organismos estatais e que não tem autorização judicial”, explicou o ministro.

Bolaños indicou que foram detectadas “duas invasões” no celular de Sánchez em maio de 2021 e uma no aparelho de Robles, em junho de 2021.

Nos dois casos, as intervenções permitiram retirar “determinado volume de dados dos dois telefones celulares”, acrescentou, sem revelar a quantidade. 

“Não há provas de que aconteceu uma invasão posterior a estas datas”, respondeu ao ser questionado sobre a duração dos ataques.

Criado pela empresa israelense NSO, o Pegasus permite acessar os serviços de mensagens e os dados assim que é instalado em um celular, além de ativar o dispositivo de maneira remota para captar imagens ou som.

A NSO sempre afirmou que só vende o software para Estados e que as operações devem receber a autorização prévia das autoridades de Israel.

A ONG Anistia Internacional afirma que o software pode ter sido utilizado para hackear até 50.000 telefones celulares no mundo.

As revelações acontecem em plena tempestade política na Espanha, onde o governo central do socialista Sánchez enfrenta um momento de tensão com os independentistas da Catalunha, que acusam o Centro Nacional de Inteligência (CNI) de espionagem. 

O caso explodiu em 18 de abril, quando o Citizen Lab, um projeto de cibersegurança da Universidade de Toronto, divulgou um relatório que identificou mais de 60 pessoas do movimento independentista catalão que supostamente tiveram os telefones celulares infectados, entre 2017 e 2020, com o software de espionagem israelense Pegasus.

AFP

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