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Cúpula da Otan marca aumento do efetivo militar no Leste Europeu e mudança de tom com Rússia

Os líderes da aliança também intensificarão seu apoio à Ucrânia. O presidente Volodimir Zelenski se dirigirá a eles

FolhaPress

27/06/2022 13h17

Foto: Fraçois Lenoir

A cúpula da Otan em Madri nesta terça (28) e quarta (29) deve assinalar uma espécie de refundação da aliança militar ocidental diante do prolongamento da Guerra da Ucrânia, e também marcar o endurecimento do tom com o qual a Rússia é tratada pelos países membros.

“Esta cúpula será um ponto de virada e várias decisões importantes serão tomadas”, afirmou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, em entrevista coletiva em Bruxelas nesta segunda (27).

Segundo ele, o número de soldados de prontidão na parte leste da Europa passará dos atuais 40 mil para mais de 300 mil, caso seja necessário responder a um possível ataque russo, num contexto em que a invasão da Ucrânia se encaminha para o quinto mês, marcando o momento de maior tensão bélica no continente desde a Segunda Guerra Mundial.

O efetivo será espalhado entre Lituânia, Estônia, Letônia, Polônia, Romênia, Hungria, Eslováquia e Bulgária. Homens na Alemanha também ficarão de prontidão, no que é a maior revisão da defesa coletiva da aliança desde a Guerra Fria, segundo Stoltenberg.

O encontro também deve marcar a mudança da linguagem com a qual a Otan trata Moscou -pela redação atual, consagrada em sua cúpula de Lisboa em 2010, a Rússia é descrita como um parceiro estratégico.

“Espero que os aliados afirmem claramente que a Rússia representa uma ameaça direta à nossa segurança, aos nossos valores, à ordem internacional baseada em regras”, afirmou o secretário.

“A Rússia abandonou a parceria e o diálogo que a Otan tenta estabelecer com a Rússia há muitos anos. Eles escolheram o confronto em vez do diálogo. Lamentamos isso –mas é claro que precisamos responder a essa realidade.”

A cúpula ocorre em um momento crucial para a aliança, após uma discórdia interna durante a era do ex-presidente dos EUA Donald Trump, que ameaçou retirar Washington do grupo. Mas a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro desencadeou uma mudança geopolítica, levando dois países antes neutros, Finlândia e Suécia, a se inscreverem para ingressar na Otan, e a Ucrânia a iniciar o processo para virar membro da União Europeia.

Os líderes da aliança também intensificarão seu apoio à Ucrânia. O presidente Volodimir Zelenski se dirigirá a eles por meio de videoconferência. Segundo Stoltenberg, a Otan vai fornecer armas pesadas a Kiev e quer ajudar a Ucrânia, no longo prazo, a passar de equipamentos militares da era soviética para equipamentos modernos.

Os aliados da Otan se comprometeram a dedicar 2% de seu PIB aos gastos com defesa em 2024, mas apenas nove dos 30 membros atingiram essa meta em 2022 -Grécia, Estados Unidos, Polônia, Lituânia, Estônia, Reino Unido, Letônia, Croácia e Eslováquia.

A França investe 1,90%, a Itália 1,54%, a Alemanha 1,44% e a Espanha, país anfitrião da cúpula, é o penúltimo da lista com 1,01%, à frente do Luxemburgo (0,58%), segundo dados publicados nesta segunda-feira pela Otan.

“Para responder à ameaça, esta meta de 2% torna-se um piso e não mais um teto”, anunciou Stoltenberg.

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