RECIFE, PE (FOLHAPRESS)
O Conselho Norueguês da Paz anunciou, nesta sexta-feira (24), o cancelamento de um evento paralelo à entrega do Prêmio Nobel da Paz a María Corina Machado, que ocorrerá em 10 de dezembro. A líder oposicionista venezuelana foi laureada por sua luta pela democracia na Venezuela em meio à ditadura liderada por Nicolás Maduro.
“Durante o processo de consulta, ficou claro que as nossas organizações membros não consideram que o laureado com o Prêmio da Paz deste ano esteja alinhado com os valores do Conselho Norueguês da Paz ou das nossas organizações-membros. Como uma organização guarda-chuva, é crucial que os nossos eventos reflitam esses valores”, disse o comunicado do Conselho, assinado pela presidente, Eline Lorentzen.
“Temos grande respeito pelo Comitê Nobel e pelo Prêmio da Paz como instituição, mas, como organização, também devemos ser fiéis aos nossos próprios princípios e ao amplo movimento pela paz que representamos. Estamos ansiosos para celebrar o Prêmio da Paz novamente nos próximos anos”, afirmou Lorentzen na nota.
Segundo o comunicado, o Conselho Norueguês da Paz “continuará seu trabalho pela paz, desarmamento, diálogo e resolução de conflitos por meio de métodos não violentos e espera celebrar futuros Prêmios da Paz que reflitam esses valores”.
O Comitê Norueguês do Nobel anunciou, no dia 10 de outubro, que María Corina Machado foi premiada por seu “trabalho incansável promovendo os direitos democráticos para o povo da Venezuela e pelo seu esforço em alcançar uma justa e pacífica transição da ditadura para a democracia”.
María Corina, que completou 58 anos no dia 7, afirmou que a conquista é um impulso para a liberdade de seu país. Depois, tomou a controversa decisão de dedicar o prêmio ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que estava em campanha aberta pelo Nobel.
O aceno dela ao presidente americano aconteceu no momento em que os EUA fazem manobras militares perto da Venezuela sob a justificativa de combater o tráfico de drogas na região –gesto apoiado por María Corina e visto amplamente como uma forma de ampliar a pressão para derrubar Maduro.
Em seguida, María Corina publicou uma carta na qual dizia receber o prêmio em nome do povo da Venezuela, “que lutou por sua liberdade com admirável coragem, dignidade, inteligência e amor” em “26 anos de violência e humilhação”, como caracterizou a Venezuela sob o chavismo, que ascendeu ao poder em 1999. Em entrevista à Folha após se tornar Nobel, ela disse que Lula precisa falar a Maduro que é hora de ir embora.
O prêmio consiste em uma medalha de ouro, um diploma e US$ 1,2 milhão. Desde o fim do ano passado, María Corina vive escondida em seu país natal, e sua participação na entrega da premiação é incerta.