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BC argentino congela saldo de dólares nos bancos do país até eleição

Para aumentar o estoque, os bancos vão precisar de autorização prévia do BC. A regra é válida até o fim de outubro.

Redação Jornal de Brasília

13/10/2023 15h58

JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O banco central da Argentina congelou o saldo de dólares dos bancos do país. A autoridade monetária limitou a quantia da moeda americana detida pelas instituições financeiras ao saldo contido por elas até esta quinta-feira (12).

Para aumentar o estoque, os bancos vão precisar de autorização prévia do BC. A regra é válida até o fim de outubro.

Segundo economistas, o objetivo é frear a desvalorização do peso e a inflação até as eleição presidencial, no dia 22, e aumentar a disponibilidade de dólares no mercado. Além disso, a medida impede a aquisição de dólares à vista por especulação nesse meio tempo.

O que os bancos vão poder continuar fazendo neste período é comprar Ledivs ou bonos, que são papéis cotados em dólares, mas liquidados em pesos. A medida não afeta os dólares de pessoas físicas depositados nos bancos.

O BC também estendeu as restrições de comércio exterior a empresas e órgãos estatais.

Agora, as transações dessas entidades também precisarão ser aprovadas pelo Sirase, órgão que concede licenças de exportação para o setor de serviços, assim como as de empresas privadas. Sob o Sirase, as transações têm demorado a ser aprovadas ou, então, emperram.

Outra mudança é que produtos cuja importação em dólar poderia ser feita imediatamente também vão precisar aguardar o veredito do Sirase. A medida pode atrasar a compra de remédios, derivados de petróleo e alimento.

As medidas são uma forma de conter a falta de dólares no mercado argentino, após uma corrida pela divisa nos últimos meses.

Em agosto, o candidato da situação e o ministro da Economia, Sergio Massa, determinou uma desvalorização de 21% da moeda oficial, logo depois da eleição primária.

A medida havia sido acordada com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para destravar desembolsos do empréstimo de US$ 44 bilhões feito com o órgão.

Além disso, o seu principal oponente, Javier Milei, diz que, se eleito, irá dolarizar a Argentina, abolindo o peso e o Banco Central e adotando a moeda dos Estados Unidos como divisa oficial.

O candidato ultraliberal lidera as pesquisas de intenção de voto. Ele tem entre 34% e 35% dos votos, de acordo com uma pesquisa da Opina Argentina. Massa tem entre 29% e 30%, enquanto a candidata conservadora Patricia Bullrich tem entre 24% e 25%.

Uma pesquisa da Synopsis Consultores mostrou Milei com 36,5%, seguido por Massa com 29,7% e Bullrich com 23,8%. “O resultado está em aberto”, disse o analista da Opina Argentina, Facundo Nejamkis.

A maioria dos institutos de pesquisa ainda não divulgou previsões para um possível segundo turno em 19 de novembro.

O êxito de Milei na disputa surpreendeu e desencadeou uma corrida dos argentinos por dólares.
Nesta sexta-feira (12), o dólar paralelo, chamado de dólar blue, está cotado a 980 pesos argentinos.

Nesta quinta, antes de anunciar as novas restrições, o BC subiu a taxa básica de juros anual do país de 118% para 133% (11% efetivos mensais). Apesar de elevada, a Leliq (prima da Selic) ainda ficou abaixo da inflação. Em setembro, os preços ao consumidor acumularam alta de 138,3%, o maior salto desde 1991.

Segundo a autoridade monetária, há uma desaceleração nos preços desde o pico registrado na terceira semana de agosto, o que sugeriria que a inflação mensal pode ter uma desaceleração significativa em outubro.

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