Menu
Mundo

Atentado em Cabul e tensão Arábia Saudita-Irã marcam reunião regional em Bagdá

Entre os participantes da reunião estão os ministros iraniano, turco e saudita das Relações Exteriores, o presidente egípcio Abdel Fatah al Sisi, o rei da Jordânia Abdullah II, além do presidente francês

Marcus Eduardo Pereira

28/08/2021 13h42

A US Air Force aircraft takes off from the military airport in Kabul on August 27, 2021, as the Pentagon said the evacuation of tens of thousands of people from Afghanistan still faces more possible attacks like the bombing that killed scores of people outside the Kabul airport. (Photo by – / AFP)

O presidente da França, Emmanuel Macron, fez um alerta neste sábado (28) contra a ameaça representada pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), durante uma reunião de cúpula regional em Bagdá marcada pelo violento atentado de quinta-feira em Cabul e as relações entre Arábia Saudita e Irã. 

“Todos sabemos que não devemos baixar a guarda porque o Daesh (acrônimo árabe do EI) continua sendo uma ameaça”, disse Macron após uma reunião com o primeiro-ministro iraquiano, Mustafa al-Kazimi, antes do encontro de cúpula.

“Sei que a luta contra estes grupos terroristas é uma prioridade de seu governo” completou durante uma entrevista coletiva ao lado de Al-Kazimi. 

“França e Iraque são aliados chave na luta contra o terrorismo”, respondeu o primeiro-ministro iraquiano.

O encontro no Iraque foi organizado inicialmente para “apaziguar” as tensões entre as duas grandes potências regionais, o Irã xiita e a Arábia Saudita sunita, mas agora vai debater a situação no Afeganistão, onde um braço do EI reivindicou o ataque suicida de quinta-feira em Cabul que deixou mais de 100 mortos.

“Permitirá fixar um marco para a cooperação na luta contra o terrorismo”, declarou Macron.

Entre os participantes da reunião estão os ministros iraniano, turco e saudita das Relações Exteriores, o presidente egípcio Abdel Fatah al Sisi, o rei da Jordânia Abdullah II, além do presidente francês.

Também estão presentes o primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, xeque Mohammed bin Rashid Al-Maktum, e o chefe de Governo do Kuwait, xeque Sabah Al-Khalid Al-Sabah.

Há quatro anos, o exército iraquiano ainda lutava respaldado por uma coalizão internacional contra o EI, que seria derrotado no fim de 2017.

Agora, as células jihadistas do EI executam ataques pontuais. O último grande atentado reivindicado pelo grupo no país deixou mais 30 mortos em Bagdá em julho.

O EI “ainda dispõe de dezenas de milhões de dólares e, sem dúvida, vai continuar restabelecendo suas redes no Iraque e Síria”, afirma Colin Clarke, diretor de pesquisas do Soufan Center, centro de estudos de geopolítica com sede em Nova York.

Macron, que deseja mostrar que a França ainda tem um papel na região, busca respaldar o Iraque, “um país central, essencial na estabilidade do Oriente Médio”, segundo a presidência francesa.

Embora o EI seja um grande inimigo do Talibã, o que aconteceu no Afeganistão pode “estimular” o grupo extremista e motivá-lo a “demonstrar que ainda está muito presente no Iraque”, disse Rasha al Aqeedi, pesquisadora do Newlines Institute dos Estados Unidos.

As relações do Iraque com o vizinho Irã também serão abordadas na reunião, assim como as tensões de Teerã com Riad devido ao conflito no Iêmen.

O Iraque quer desempenhar um papel de intermediário e recebeu nos últimos meses encontros a portas fechadas entre representantes das duas potências regionais.

Para um conselheiro do primeiro-ministro iraquiano, a presença dos chefes da diplomacia dos dois países no evento já representa um “êxito”.

“Não era nada fácil reunir no mesmo local sauditas e iranianos”, disse uma fonte diplomática francesa.

© Agence France-Presse

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado