A presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, que hoje recebeu a Presidência rotativa do Mercosul, disse que vai propor à União Europeia (UE) retomar as negociações para um acordo de associação política e comercial a partir dos capítulos nos quais já há uma base de entendimento.
“A metodologia de trabalho que vamos propor é iniciar ao contrário do que normalmente fazemos, devemos começar pelo que não estamos de acordo”, disse Cristina ao discursar na 38ª Cúpula do Mercosul, que está sendo realizada hoje em Montevidéu.
Cristina disse que para retomar as negociações estagnadas desde 2004 “é preciso repassar e fechar os capítulos nos quais estamos de acordo para depois passar ao capítulo comercial”, onde estão os desacordos maiores.
A presidente argentina, que hoje assumiu a titularidade semestral do bloco também integrado pelo Brasil, Paraguai e Uruguai, disse que serão negociados “mecanismos de adaptação competitiva que fixem prazos, levando em consideração as debilidades dos setores e as reivindicações políticas”.
Cristina disse que o acordo de associação com a UE, que está em negociação há uma década, é “um dos desafios mais importantes” do Mercosul, já que se for concretizado “abrirá grandes possibilidades” aos mercados do bloco sul-americano.
Como outro desafio para o próximo semestre, Cristina destacou a necessidade de abordar no interior do bloco o problema das assimetrias entre as economias maiores da união, Brasil e Argentina, e das menores, Paraguai e Uruguai.
A governante argentina assinalou que se as diferenças continuarem sendo aprofundadas “vão se transformar em problemas indissolúveis e vão diminuir nossa competitividade”.
Cristina chamou os sócios para discutir sobre as assimetrias e os termos de troca comercial “sem estridências” e a trabalhar para “construir um mercado potente”, com trabalhadores “com melhores salários”, com melhores infraestruturas, “seguindo a lógica da Europa”.
“Esta não foi até agora nossa lógica interna no Mercosul, por isso acredito que deveríamos trabalhar neste sentido”, disse.
Cristina voltou a condenar o que denominou um “golpe cívico-midiático” em Honduras e disse que não reconhece o pleito, o que definiu como um “perigoso antecedente” na região.
Lamentou também da postura de alguns países com relação à crise em Honduras, situação que considerou de “incoerente”.
Além disso, defendeu a “construção da paz e da democracia na região”.
Manuel Zelaya foi expulso de Honduras em 28 de junho pelos militares e destituído horas depois pelo Congresso, que nomeou em seu lugar, Roberto Micheletti.
Em 29 de novembro foram realizadas eleições em Honduras, onde Porfirio Lobo, do opositor Partido Nacional, ganhou o pleito que não foi reconhecido pela maior parte da comunidade internacional por considerar que o mesmo ocorreu em meio a ruptura constitucional.