FÁBIO PUPO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
A Alemanha anunciou nesta quarta-feira (19) que pretende investir EUR 1 bilhão no fundo criado pelo Brasil para remunerar os países pela preservação de florestas em países em desenvolvimento. Com isso, já são cinco países patrocinadores.
O primeiro-ministro da Alemanha,c, teve reunião com Lula em Belém (PA) no começo do mês durante a Cúpula do Clima, que reuniu chefes de Estado e de governo e antecedeu a COP.
Durante a passagem pelo Brasil, Merz frustrou expectativas ao deixar de anunciar valores ao TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre). Ele apenas repetiu que a Alemanha investiria um montante “substancial” no mecanismo.
O governo brasileiro tem como objetivo levantar US$ 25 bilhões de países, além de US$ 100 bilhões de investidores. O dinheiro é aplicado em rendimentos que geram dinheiro tanto para quem aplica como para os países que preservarem suas florestas.
Ainda durante a cúpula, a Noruega anunciou um aporte de US$ 3 bilhões, e a França, de EUR 500 milhões. Antes, Brasil e Indonésia se comprometeram com investimentos de US$ 1 bilhão cada um.
O valor é anunciado dois dias após vir à tona um discurso de Merz na Alemanha com tom depreciativo em relação a Belém, que foi rebatido por Lula e outras autoridades além de ter gerado forte reação nas redes. Após dizer que a Alemanha é um dos lugares mais bonitos do mundo, o primeiro-ministro citou a passagem pelo Brasil dizendo que ninguém do grupo de jornalistas que o acompanhou disse que gostaria de permanecer na capital paraense.
A Alemanha vinha sendo pressionada por entidades a anunciar um valor. Um grupo de 12 organizações ambientais e humanitárias enviou neste mês uma carta a Merz pedindo que o país anunciasse, ainda durante a COP30, um aporte de pelo menos US$ 2,5 bilhões no fundo.
No documento, as entidades afirmaram que o TFFF representa “um novo capítulo no financiamento sustentável”, por combinar aportes públicos e privados em projetos de conservação de longo prazo.
Segundo elas, uma contribuição expressiva de Berlim seria decisiva para manter o impulso em torno do fundo e garantir à Alemanha influência sobre seu desenho final, por meio de um assento no conselho.
As entidades -entre elas, a Global Citizen, a Germanwatch e a WWF- defendiam que o anúncio ocorresse ainda durante a conferência, o que também ajudaria a preservar recursos já prometidos por países como Noruega e França, além de forçar novos compromissos de outras nações.
“Com uma contribuição própria concreta e ambiciosa, a Alemanha poderá aumentar a pressão sobre China, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido para que também contribuam com o TFFF. A mobilização de mais capital público é essencial para o sucesso do mecanismo”, disseram os signatários.