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Escola da Ceilândia promove Café Literário e realiza sonho de alunos

Thaty Nardelli

13/11/2010 16h45

Atualizada 21/02/2023 18h53

Thatyane Nardelli, do Clicabrasília

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A Escola Classe 64 de Ceilândia realizou na última quinta-feira (04) a 5° edição do Café Literário e com o tema ComunicArte de Brasília à África Café Literário. O encontro, realizado sempre próximo ao final do ano letivo, tem como objetivo aproximar as crianças da literatura. Neste ano, escolhido a dedo, a maioria dos livros trabalhados foram de pessoas da própria instituição. 

 

Após o estudo do assunto abordado no decorrer do semestre, os alunos se encontram com os personagens das histórias.  “No dia, o evento dá sentido a tudo que foi produzido durante o ano”, afirma a coordenadora Elenice Viana. “No Café, o sonho vira realidade”, completa, emocionada.

 

No entanto, é apenas no palco do auditório que os olhos atentos dos alunos ficam fascinados ao ver as apresentações. Reproduções das obras em formatos grandes, trechos das histórias, convidados especiais, músicas e danças embalam o evento encenado pelas crianças envolvidas no projeto. 

 

Da platéia, os pais acompanham os filhos que ensaiaram durante meses para finalizar o ano. “Foi lindo! Como ela vai mudar de colégio ano que vem, tenho certeza que vai sentir muita falta dos eventos da escola”, afirma Maria do Carmo, mãe da pequena Maria Fernanda. A menina participou das apresentações de dança, mas, como já fazia aulas, ficou muito tranqüila ao subir no palco. 

 

Porém, quem vê tudo sendo apresentado, não imagina o sufoco que toda a equipe organizadora do evento passou. “Uma parte do dinheiro das roupas nós tiramos do bolso, as costureiras ainda não foram pagas”, aponta à coordenadora. 

 

Fábrica de Sonhos

Com apenas 11 anos, Núbia Bertoldo lançou seu primeiro livro após freqüentar as aulas de auto-habilidade da escola. Florzinha Delicada descreve a amizade de uma criança por uma flor. “Antigamente eu era apenas a Núbia, depois do lançamento, me sinto alguém especial”, conta a menina. 

 

Todos os trabalhos saem de sua imaginação, junto às coisas que ela vive no dia-a-dia. O segundo livro já está a caminho e ela promete não parar. “Quero ser uma autora reconhecida”, revela a pequena com os olhos expressivos cintilando. 

 

Seu livro foi incentivado pela professora de artes plásticas, Cláudia Maciel, assim que ela começou a freqüentar as aulas de auto-habilidade. “Quando uma criança chega aqui, ela sente o seu trabalho valorizado. Por isso, o que não falta é incentivo”, diz a professora orgulhosa ao mostrar os trabalhos dos seus alunos.

 

Cláudia fez várias músicas para embalar os sonhos cantados pelas crianças, dentre ela, A Casa Mágica, na qual define o amor dos alunos pela instituição. “Na Casa Mágica eu aprendo a pensar. Na Casa Mágica eu a aprendo a amar. Respeitar o diferente, ser justo e coerente. Disposto a ajudar”, canta a professora. 

 

Exemplo e Superação

Desde pequeno a mãe de Antonio Araújo – mais conhecido como Tonico – fez questão, sozinha, de fazer a inclusão social do filho. Depois de chegar com a família de Manaus, ela tratou de colocar Tonico em uma escola que fazia acompanhamento com portadores da Síndrome de Down. O desenvolvimento do garoto foi tão rápido que logo ele aprendeu a ler e escrever. Com 17 anos escreveu seu primeiro livro, um trabalho muito especial. O cartunista Ziraldo Alves – criador do Menino Maluquinho – desenhou as imagens e Tonico entrou com as palavras. Assim, nasceu: Água Nossa de Cada Dia. Ele foi o convidado especial deste ano do Café Literário. 

 

A mãe, Margarida Araújo, de tão feliz ficou com dores no rosto. “A qualquer hora que me olhassem, eu estava sorrido”, conta ela. E Margarida adianta, Tonico não tem talento apenas com as palavras: “Ele participa de um grupo de dança e ainda faz pintura. E olha que os quadros são lindos”, afirma a mãe do menino.  Recentemente, após sua mostra de quadros no Supremo Tribunal Federal (STF), dois ministros se interessaram pelas obras. “Ele está todo feliz porque vendeu o quadro para pessoas importantes. Está se sentindo honrando”, conta a mãe.

 

Novas Histórias, Novos Personagens

A professora Cláudia Marciel foi a responsável este ano pelas músicas apresentadas no evento. Cada uma veio com uma proposta, vezes homenagear Brasília, outras os Africanos e, também, a escola. “As vezes, quando estou andando nos corredores, as crianças ficam cantando a música, então paro e acompanho elas”, revela a professora.

 

Cláudia teve seu livro homenageado no evento, A Casa Mágica conta a história de professores que já estudaram na instituição, como surgiu a cidade de Ceilândia e ainda a história da Escola Classe 64. “Fiquei muito feliz com o reconhecimento dos meus colegas, além de poder compartilhar isso com meus alunos”, diz Cláudia.       

 

A coordenadora, Elenice Viana, já faz os planos para a próxima edição do Café Literário. “Ano que vem a gente quer homenagear artistas da cidade, incentivar ainda mais nossos talentos”, revela a coordenadora.    

 

Confira mais fotos do evento:

 

 

 

 

 

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