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Economia

Zerar emissões sem mercado de carbono é impossível para setores econômicos, diz ex-diretor da OMC

A capacidade de produção de hidrogênio verde foi outra questão estratégica apresentada pela ex-ministra do Meio Ambiente (2010-2016) Izabella Teixeira, que participou da mesa por videoconferência diretamente de Baku, no Azerbaijão, onde acompanha a COP29

Redação Jornal de Brasília

15/11/2024 19h30

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Foto: Kym Willer / Lide

BRATRIZ GATTI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

As empresas só poderão atingir suas metas de redução de emissões a partir de mercados de carbono bem regulados e com preços justos. Essa é a visão de Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), que esteve na Conferência de Lisboa, uma iniciativa de Lide, Folha de S.Paulo e UOL, realizada nesta sexta-feira (15), na capital portuguesa.

“Zerar as emissões sem mecanismos de compensação é praticamente impossível para a grande maioria dos setores econômicos”, disse Azevêdo durante painel que discutiu economia circular.

“Essa demanda global, o crédito de carbono, vai crescer exponencialmente, e o Brasil tem tudo para se posicionar de uma maneira muito positiva nesse espaço”, acrescentou ele, que é o atual presidente global de operações da Ambipar, multinacional brasileira que atua no setor de gestão ambiental. O potencial brasileiro está associado ao amplo uso de fontes de energia renováveis, principalmente de hidrelétricas e de biocombustíveis.

A capacidade de produção de hidrogênio verde foi outra questão estratégica apresentada pela ex-ministra do Meio Ambiente (2010-2016) Izabella Teixeira, que participou da mesa por videoconferência diretamente de Baku, no Azerbaijão, onde acompanha a COP29.

Co-presidente do Painel Internacional de Recursos da ONU, ela ressaltou o papel do setor de energia para o Brasil assumir a liderança de uma agenda concentrada na resiliência climática aliada ao desenvolvimento e crescimento econômico e à justiça social. Também citou boas perspectivas em relação à captura de carbono por altas tecnologias, além das soluções baseadas na natureza.

“É importante que o Brasil se coloque como um país provedor de soluções. É por aí que a transição energética brasileira precisa ser colocada”, disse. Teixeira ainda defendeu a superação de conflitos ideológicos. “Não se trata de direita ou esquerda, trata-se de interesse nacional. E as soluções climáticas passam pelo conjunto de interesses nacionais.”

Uma perspectiva mais acadêmica foi apresentada por Margarida Quina, professora de engenharia química da Universidade de Coimbra e diretora do Centro de Engenharia Química e Recursos Renováveis para a Sustentabilidade (Ceres). A docente esclareceu que economia circular não se resume a reciclagem e lembrou que a sustentabilidade está obrigatória e essencialmente atrelada à economia e à sociedade.

“No fundo, [economia circular] é imitar a natureza, mas a nível industrial”, explicou. “Mas não vale a pena insistir em tecnologias que tenham abordagens interessantes do ponto de vista ambiental e não sejam viáveis economicamente.”

Também participaram do painel Patrícia Iglecias, professora de direito ambiental da USP, e Hélio Costa, presidente do conselho da distribuidora de energia Light e ex-ministro das Comunicações (2005-2010).

A mediação foi feita por Carlos Marques, presidente do Lide Conteúdo, e por Murilo Garavello, diretor de conteúdo do UOL.

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