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Economia

Você já ouviu falar em powershoring? Entenda o conceito e como ele pode impulsionar a economia brasileira

CNI promoveu conferência sobre a janela de oportunidade representada pelo sistema que diversifica a localização de plantas industriais e privilegia países com fartas energias limpas e renováveis como o Brasil

Redação Jornal de Brasília

12/09/2023 11h54

Foto: Divulgação/Portal Brasil

O powershoring é uma estratégia empresarial de localização de plantas industriais e de produção em países com farta oferta de energias limpas, baratas, seguras e abundantes.

Uma forma de atrair investimentos diretos estrangeiros a países da América Latina, especialmente o Brasil, dentro de um novo contexto global de crise climática e tensão geopolítica, onde é estratégico realocar complexos industriais a países que ofereçam energias limpas.

Quais os benefícios?

O powershoring reúne um cardápio de vantagens para todas as partes envolvidas:

Para o meio ambiente, que se beneficia da mais rápida transição energética, do aumento da produção de produtos verdes e do mercado de créditos de carbono;

Para as empresas, que serão mais resilientes e terão acesso à energia verde e estarão mais alinhadas às demandas de compliance ambiental;

Para o país de origem da empresa, que se libera de fornecer energia cinza a empresas de alto consumo de energia, viabilizando uma transição energética mais rápida e barata; e 

Para o país receptor das plantas industriais, que se beneficia dos investimentos, da tecnologia, das exportações e do impulso às cadeias de valor nacionais e regionais.

Quando surgiu o conceito “powershoring”?

O Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) foi o responsável por cunhar o conceito powershoring ao perceber a janela de oportunidade que as mudanças climáticas e os fatores geopolíticos contemporâneos abriram para países que oferecem vantagens comparativas na produção de energia limpa e renovável, capazes de atrair plantas manufatureiras intensivas no consumo de energia em seus processos produtivos. Vale lembrar que o powershoring se soma a outras estratégias locacionais como o offshoring, termo que se refere à movimentação das empresas ao levar suas fábricas para países com mão de obra mais barata, principalmente a China.

O CAF anunciou recentemente estar em processo de negociação de um repasse de até US$ 600 milhões – como financiamento de linhas de crédito para investimentos em plantas industriais de energia verde – ao BNDES e ao BNB. De acordo com o VP do Setor Privado no banco, Jorge Arbache, US$ 500 milhões deverão ser repassados ao BNDES e entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões ao BNB.

Como o powershoring pode ajudar a economia do Brasil e América Latina?

A região da ALC desponta como um dos grandes destinos da estratégia do powershoring por sua singular condição para produzir energia limpa e renovável, de já ter uma matriz energética limpa e de já estar desenvolvendo carteiras de projetos de energia limpa e renovável.

Nesse contexto, o Brasil se destaca como um dos principais destinos do powershoring em nível global. O país já tem uma matriz energética limpa (é o país do G20 com a energia mais verde), é capaz de produzir energia limpa a preços competitivos, conta com novas fontes de energia renovável na matriz.

Além disso, o Brasil protagoniza a agenda de biocombustíveis e está desenvolvendo novos modelos de negócios e tecnologias para o setor energético; e conta com um ecossistema de apoio a novas plantas industriais; centros de pesquisa e universidades com experiência industrial e tecnológica; centros de capacitação de mão de obra; portos modernos com zonas industriais e com energia verde; centenas de empresas multinacionais – e abundante disponibilidade de água e minerais.

O powershoring é capaz de se tornar a ponta de lança de uma neoindustrialização em que a energia limpa, os investimentos verdes, as vantagens comparativas, o compliance ambiental, o capital estrangeiro, a exportação, a tecnologia e a inovação têm papel determinante, ao mesmo tempo aliando o respeito e a proteção ao meio ambiente à agenda do desenvolvimento.

Para o gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, o powershoring é de fato “uma grande oportunidade para o Brasil” e resultado de avanços na expansão de energias renováveis; na atração de novas tecnologias; na captura de carbono; no investimento em biocombustíveis; na eficiência energética; e no futuro mercado regulado de carbono defendido pela Confederação como parte de uma estratégia de transição energética, entre outros fatores.

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