Menu
Economia

Retomada dos investimentos está à espera da aprovação das reformas

De acordo com mercado, os primeiros benefícios da mudança de ventos trazida pela aprovação da reforma da Previdência será sentida no final do ano

Lindauro Gomes

28/06/2019 7h42

À medida que o Congresso se mobiliza para garantir a aprovação da reforma da Previdência – e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, estima já ter os 308 votos necessários na Casa -, o ânimo de bancos e grandes empresas sobre a economia brasileira começa a melhorar. Entre os vencedores do prêmio Finanças Mais, uma parceria entre o ‘Estadão/Broadcast’ e a Austin Rating, o consenso é de que as mudanças na Previdência podem ser o “gatilho” para tirar projetos ambiciosos de investimento na gaveta, fazendo a economia retomar o crescimento em 2020.

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, disse acreditar que a reforma pode ser aprovada entre agosto e setembro. Dessa forma, os primeiros benefícios da mudança de ventos trazida pela Previdência seria sentida no final do ano. “No último trimestre do ano, vamos capturar o benefício dessas reformas e entrar em 2020 num cenário muito mais favorável para o País crescer”, destacou. O executivo cobrou ainda que, na sequência da Previdência, venham novas regras tributárias e a independência do Banco Central (leia entrevista com o executivo na pág. B11)

‘Empurrão’. As reformas estruturais da economia – como a da Previdência e também a tributária – deverão dar a injeção de ânimo que os empresários precisam para voltar a investir de forma definitiva, tirando projetos do papel, afirmou o diretor de relações com investidores do Banco Daycoval, Ricardo Gelbaum. O executivo ressalvou, porém, que a economia não enfrenta problemas estruturais graves, além da questão das contas públicas. “Está ruim, mas está bom. Não há inflação e os bancos estão desalavancados. O céu está claro.”

Detentor de uma carteira de US$ 400 milhões em crédito para o agronegócio, o Banco Cargill vê potencial de dobrar o ritmo de crescimento da sua carteira após a aprovação da reforma. Segundo o vice-presidente do banco, Antônio Luis Pascale, a expansão ficou na ordem de 10% nos últimos dois anos. Se a reforma da Previdência passar no início do segundo semestre, a taxa de expansão poderá subir para 15% a 20% a partir do ano que vem.

“A expectativa para a economia nacional é positiva, pois o ambiente para negócios está mais saudável de modo geral”, disse Pascale. “Mas todo mundo ainda carrega um certo conservadorismo, aguardando para tomar algum novo passo de investimento.”

Para o presidente da Bradesco Vida e Previdência e da Bradesco Capitalização, Jorge Nasser, a longa discussão da reforma da Previdência, que já se estende por quase três anos, serviu para mudar a mentalidade do brasileiro sobre a necessidade de garantia de renda com uma poupança privada. O consenso sobre a necessidade de mudar o sistema à medida que a população envelhece foi absorvida pelo cidadão comum, em sua visão.

Por causa da crise econômica, no entanto, essa disposição em debater o tema ainda não se reflete em uma corrida para os planos de previdência privada. “Digamos que está havendo uma caminhada, que pode ficar mais rápida em 2020, caso a economia cresça mais rápido e o desemprego diminua”, ressaltou. “Mas as pessoas já entenderam que essa situação não pode ficar como está “

No time dos que estão com o pé no acelerador mesmo em um cenário ainda difícil para a economia está Leila Pereira, presidente da Crefisa. A companhia, que trabalha com crédito para pessoas “negativadas” (com restrição para tomar empréstimos), espera um crescimento de sua carteira de clientes no segundo semestre.

“Apesar de o Brasil estar parado, estamos contratando profissionais para aumentar a nossa produção. Temos mais de mil lojas no Brasil e estamos trabalhando com a expectativa de aumentar a nossa carteira”, ressaltou a executiva. Leila ponderou, porém, que as reformas são vitais para melhorar o cenário. Ela se disse “muito esperançosa” com a aprovação. “As reformas têm de passar. Sem isso, o Brasil não tem saída.”

Banco Central. Presente no evento Finanças Mais para falar sobre aspectos da atuação do Banco Central, o diretor de política monetária do BC, Bruno Serra, afirmou que a questão da reforma da Previdência tem influência em uma eventual decisão da instituição em reduzir a Selic – taxa básica de juros -, que atualmente está em 6,5% ao ano. “Não somos nós que ligamos a política monetária às reformas, mas o cenário exige”, afirmou.

Por outro lado, ele disse que a definição da meta inflacionária pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) tem pouco impacto sobre a política monetária. “Definição da meta de inflação pelo CMN não impacta estratégia atual do BC”, disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado