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Economia

Rede 5G deve otimizar indústria e exigir capacitação profissional

Esse mercado, no entanto, exigirá maior capacitação dos futuros profissionais e investimento em políticas públicas de educação

FolhaPress

29/11/2021 17h30

Leilão 5G: Uma nova era

Foto: Reprodução

PAULO RICARDO MARTINS
DUQUE DE CAXIAS, MG

A implementação do 5G no Brasil vai impulsionar a criação de novos produtos e modelos de produção, que, por sua vez, devem gerar oportunidades de emprego. Esse mercado, no entanto, exigirá maior capacitação dos futuros profissionais e investimento em políticas públicas de educação.

Essa tese foi defendida por especialistas que participaram do seminário sobre 5G, promovido pelo jornal Folha de S.Paulo e patrocinado pela Embratel. O evento ocorreu na última quarta-feira (24) e teve mediação do jornalista Julio Wiziack.

Rafael Pistono, vice-presidente da comissão de direito e tecnologia da informação e inovação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), aposta no surgimento de novas carreiras, que devem substituir atividades mecânicas. “Com o 5G, o homem vai efetivamente poder contribuir com o que tem de melhor. Nós saímos daquele trabalho mecânico”, afirma.

Quem quiser atuar nessas novas funções precisará se atualizar e estar a par de temas como big data. “O 5G trará novas soluções. Da mesma forma, estamos falando de profissionais do futuro, que precisam ter essa linguagem.” Segundo o economista João Emílio Gonçalves, ex-superintendente de Desenvolvimento Industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria), muitos setores serão impactados pela quinta geração da rede de internet móvel.

Um dos exemplos é o agronegócio, que poderá impulsionar a agricultura de precisão -técnica que envolve o uso de equipamentos para avaliar as condições de plantio. A mudança deve aumentar a produtividade das companhias, segundo Gonçalves. “Ter o 5G disponível é fundamental para a competitividade das empresas e do Brasil.”

Segundo estimativas da consultoria Omdia, o PIB brasileiro pode crescer cerca de R$ 6,5 trilhões até 2035 com a chegada da tecnologia. O economista afirma que será difícil para negócios que não tiverem acesso à rede acompanharem outros que tenham. Além disso, o 5G deve ser considerado um requisito para investimentos.

Diferentemente do 3G e do 4G, o novo modelo vai se voltar, em um primeiro momento, para o mercado corporativo, segundo Gonçalves. A população deve ser beneficiada com maior velocidade na transferência de dados -o 5G alcança, em média, 1Gbps, dez vezes mais do que o 4G.

Alexandre Gomes, diretor de marketing da Embratel, afirma que a tecnologia perpassa três pilares, sendo o primeiro deles a conectividade. Ela permitirá a conexão, em larga escala, não só de pessoas, mas de qualquer aparelho. O 5G também se integrará a ferramentas já existentes, como internet das coisas, machine learning, big data e inteligência artificial, permitindo uma maior aplicabilidade.

E, por último, Gomes cita que a indústria deve se empoderar, com a criação de novos modelos, produtos e serviços.
“Eu diria que é um novo paradigma de qualidade, eficiência e dinâmica para o desenvolvimento social do país.”
Sobre a determinação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) de que a implementação comece em julho de 2022 nas capitais, Gomes não se mostra preocupado. Segundo ele, as operadoras têm cumprido as datas, e o importante agora é entender a demanda de cada setor.

Neste mês, o leilão das faixas de radiofrequência arrecadou R$ 47,2 bilhões. Claro, Tim e Vivo foram as principais vencedoras. Outra questão discutida foi a tributação sobre as empresas de telecomunicação. Nesta semana, o STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria para barrar o ICMS acima de 17% para o setor.

“Comunicação nunca foi um setor subsidiário. Mas como imaginar uma escola sem internet?”, diz Pistono, da OAB.
Para ele, porém, é importante regulamentar o M2M (máquina para máquina), tecnologia que permite a comunicação entre dispositivos.

“Hoje, M2M e IoT [internet das coisas] estão inseridos numa normatização para serviços móveis pessoais, ou seja, para uma relação de pessoas com aparelhos, não de máquinas com máquinas”, explica.

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