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Economia

Procura por trabalho trava neste ano e desemprego do trimestre fica estável

De janeiro a março, a taxa de desocupação foi de 11,1%, o mesmo nível do quarto trimestre de 2021

FolhaPress

29/04/2022 13h35

Foto: Divulgação

Leonardo Vieceli

A taxa de desemprego no Brasil ficou estável com a procura por trabalho travada no primeiro trimestre de 2022, indicou nesta sexta-feira (29) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

De janeiro a março, a taxa de desocupação foi de 11,1%, o mesmo nível do quarto trimestre de 2021.
O novo resultado veio abaixo das projeções do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam uma taxa maior, de 11,4%.

A marca de 11,1% é a menor para o trimestre até março desde 2016. À época, a taxa também estava em 11,1%. Segundo o IBGE, o número de desempregados foi estimado em 11,9 milhões no início de 2022.

Esse contingente também sinalizou relativa estabilidade. A população desocupada era de 12 milhões no quarto trimestre do ano passado. Pelas estatísticas oficiais, uma pessoa é considerada desempregada quando não tem trabalho e segue em busca de vagas. Quem não tem emprego e não está procurando alguma oportunidade não entra nesse cálculo.

De acordo com a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, a taxa de desemprego estável pode ser explicada pelo fato de a busca por trabalho não ter crescido. A desocupação em nível estável chamou atenção, porque, tradicionalmente, o primeiro trimestre do ano aponta aumento no indicador no país. Isso costumava ocorrer após o encerramento de contratos temporários da reta final do ano anterior.

A população ocupada com algum trabalho até recuou para 95,3 milhões no intervalo de janeiro a março. A baixa foi de 0,5% (menos 472 mil pessoas) na comparação com o trimestre de outubro a dezembro.

Essa retração, contudo, foi menos intensa do que no mesmo período de anos anteriores, indicou Adriana.
“Se olharmos a desocupação em retrospecto, pela série histórica da pesquisa, podemos notar que, no primeiro trimestre, essa população costuma aumentar devido aos desligamentos que há no início ano. O trimestre encerrado em março se diferiu desses padrões.”

A pesquisadora lembrou que, após o choque gerado pela chegada da pandemia, a ocupação deu sinais de melhora ao longo do ano passado em atividades intensivas em mão de obra, como setores de serviços.

“A gente ainda está vivendo o efeito de uma expansão muito vigorosa da ocupação no final do ano passado. Da mesma forma que podemos ter dispensa de trabalhadores no começo do ano, isso também pode ser um pouco retardado. Não necessariamente vai ocorrer em janeiro, fevereiro”, ponderou.

Os dados do IBGE integram a série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), que começou em 2012. A Pnad envolve tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal. Ou seja, são avaliados desde empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos.

A população fora da força de trabalho -ou seja, que não estava ocupada nem desocupada- foi de 65,5 milhões de pessoas no primeiro trimestre de 2022. Houve um crescimento de 1,4% (mais 929 mil) ante o final de 2021.

Adriana lembrou, que no começo do ano, há fatores sazonais que tendem a dificultar a procura por trabalho e a inserção no mercado. “Tem a questão das férias. Muitas pessoas interrompem a busca por trabalho. Isso está mais relacionado a mulheres com filhos, por não ter creches funcionando. Também há estudantes [nessa situação], em virtude das férias”, apontou.

Renda volta a subir, mas segue fraca

Ao longo do ano passado, a reabertura de vagas de trabalho foi marcada por uma sequência de quedas na renda média do trabalho em termos reais. Disparada da inflação, volta de informais ao mercado e criação de empregos com salários mais baixos são explicações apontadas para o rendimento enxuto.

No primeiro trimestre de 2022, a renda média de quem seguiu trabalhando até voltou a crescer na comparação com o trimestre imediatamente anterior.

O indicador foi estimado em R$ 2.548, um avanço de 1,5% em relação ao intervalo de outubro a dezembro (R$ 2.510). Nessa base de comparação, foi a primeira alta desde o trimestre de julho a setembro de 2020.

O resultado coincide com a redução da taxa de informalidade, que mede o percentual de ocupados sem carteira assinada ou CNPJ em relação ao total de trabalhadores em atividade. Esse indicador recuou de 40,7% para 40,1%. “De modo geral, quando a participação dos trabalhadores formais aumenta, o rendimento médio da população ocupada tende a crescer”, pontuou Adriana.

Por outro lado, a renda seguiu em baixa na comparação anual. Frente ao trimestre até março do ano passado, houve retração expressiva de 8,7% (R$ 2.789).

O valor de R$ 2.548, registrado no início de 2022, é o menor para o primeiro trimestre na série histórica do IBGE, iniciada em 2012. De acordo com economistas, a recuperação mais consistente do emprego e da renda depende do crescimento da atividade econômica como um todo.

A questão é que as estimativas sinalizam baixo desempenho para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2022, sob impacto da inflação persistente e dos juros altos. O mercado financeiro prevê leve avanço de 0,65% para o PIB deste ano, mostra o boletim Focus, divulgado pelo BC (Banco Central).

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