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Economia

Preço do GNV bate recorde e reduz renda de taxistas e Uber

Em um mês, o preço médio do GNV subiu 17%, segundo pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis)

Redação Jornal de Brasília

25/05/2021 12h49

Foto: Reprodução

Nicola Pamplona
Rio de Janeiro, RJ

O preço do GNV (gás natural veicular) bateu recorde histórico no país, afetando diretamente a vida de taxistas e motoristas de aplicativo que usam o combustível. No Rio, principal mercado consumidor, o aumento de custos tem levado motoristas a abandonar a praça, segundo o sindicato da categoria.

Em um mês, o preço médio do GNV subiu 17%, segundo pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), como reflexo do reajuste de 39% no preço do gás natural promovido pela Petrobras no dia 1º de maio.

Os dados da agência mostram que o motorista brasileiro nunca pagou tanto pelo combustível, que na semana passada valia, em média, R$ 3,80 por metro cúbico. É o segundo maior valor da série histórica da ANP, iniciada em 2004, perdendo apenas para a semana anterior (R$ 3,83).

A escalada vem motivando protestos entre os motoristas, que cobram do governo promessa de reduzir o preço do gás feita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, logo no início do mandato do presidente Jair Bolsonaro.

Guedes prometeu um “choque de energia barata” com a redução do papel da Petrobras no mercado de gás e a aprovação do novo marco regulatório do setor, mas, dois anos depois, a estatal permanece a principal fornecedora do país.

O reajuste de 39% anunciado em abril reflete a recuperação das cotações do petróleo após a queda do início da pandemia e tem forte impacto da desvalorização do real.

O percentual foi classificado como “inadmissível” por Bolsonaro. O repasse aos consumidores depende da legislação de cada estado. No Rio, por exemplo, é automático. Em São Paulo, deve ocorrer no dia 31, quando as tarifas das distribuidoras de gás canalizado são reajustadas.

“Muitos colegas estão deixando os táxis parados e buscando outra alternativa de trabalho porque não conseguem mais ganhar o suficiente para sustentar suas famílias”, diz o diretor de comunicação do Sindicato dos Taxistas Autônomos do Município do Rio de Janeiro, Vagner Monteiro.

Segundo ele, para evitar desperdício de combustível, os taxistas passaram a ficar mais tempo parados em pontos, em vez de passar o dia circulando em busca de passageiros.

“Tivemos que mudar a maneira de trabalhar”, diz ele, que calcula uma perda de 40% no faturamento diário.

Diante da forte competição com aplicativos de transporte, as tarifas de táxi no Rio estão congeladas há três anos. Monteiro diz não ver espaço para repasse da alta de custos na situação atual. “A concorrência não permite isso.”

Os motoristas de app, por sua vez, promoveram um protesto contra o aumento na semana passada, com carreata que terminou em frente à sede da Petrobras, no centro da cidade. Nos discursos, muitas críticas à estatal e ao governo.

“O custo do GNV inviabilizou o negócio”, diz Denis Moura, diretor-executivo da Associação dos Motoristas Particulares Autônomos do Rio. A situação é complicada pelos descontos oferecidos pelas empresas do setor para recuperar mercado perdido para a pandemia. “Nos grupos [de aplicativos mensagens], o que temos observado é que vários motoristas estão buscando outra atividade.”

Em lados opostos no embate sobre o direito a prestar o serviço, taxistas e motoristas de aplicativo concordam que a perda de renda tem efeitos na qualidade do serviço, podendo ser um catalisador de acidentes nas cidades.

“Tem colegas trabalhando 14 horas, 15 horas por dia. Isso gera uma série de problemas em cadeia”, diz o taxista Monteiro. “Cai a qualidade do trabalho dos motoristas, cai a qualidade do carro, aumenta insegurança. O resultado é péssimo”, diz Moura.

As informações são da FolhaPress

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