Segundo Oddone, a Petrobras não foi informada sobre um possível encontro do vice-presidente boliviano, Alvaro Garcia, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esta semana. Para ele, a discussão sobre o gás deve se manter no nível empresarial, com a YPFB, estatal boliviana do setor de energia.
"A Petrobras não comenta política, decisões e ações de governo…a posição da Petrobras sempre foi de respeitar o contrato e de discutir nas comissões criadas", disse o executivo.
Desde que o presidente boliviano Evo Morales decretou a nacionalização das reservas, em 1º de maio, três comissões foram formadas para discutir as mudanças trazidas pela medida aos ativos da Petrobras no País.
Uma delas, que discute o pedido boliviano de aumento do preço do gás importado pelo Brasil, adiou a decisão prevista para agosto até depois da eleição presidencial brasileira, em outubro. Se não houver acordo, a Bolívia pode recorrer a uma corte arbitral em Nova York.
Segundo o porta-voz da presidência da Bolívia, o vice-presidente boliviano chega na noite desta quarta-feira a Brasília para conversar com o presidente Lula e outras autoridades sobre a reivindicação de aumento do preço do gás.
Oddone acrescentou, no entanto, que não acredita que os bolivianos recorram à Justiça arbitral.
"Temos dois meses de negociação e espero que não chegue ao nível de arbitragem. O contrato vigente sugere que se não tiver alteração não tem aumento de preço, e fica tudo dentro do que o contrato prevê", complementou.
Sobre a invasão dos índios guaranis nas instalações da Transierra, empresa de transporte de gás na Bolívia controlada pela Petrobras, Repsol e Total, o executivo reiterou que não há risco de desabastecimento e afirmou que na sexta-feira haverá nova rodada de negociações.
"Estamos negociando para ver o que é possível. O fórum de negociação e discussão é lá na Bolívia, não é com a Petrobras e nem com apenas um dos acionistas. Será uma decisão em conjunto dos três", disse ao ser questionado sobre a possibilidade de atender a reivindicação da tribo.
Os guaranis querem que a Transierra pague em uma única parcela os US$ 9 milhões prometidos em contrato para serem desembolsados ao longo de 20 anos na região. Para pressionar a empresa, que abastece o gasoduto Bolívia-Brasil, os índios invadiram desde sábado um trecho do gasoduto, mas sem alterar o abastecimento ao mercado brasileiro.
"É uma questão localizada, é um problema regional, que a gente já enfrentou várias vezes na Bolívia, não é nenhuma novidade", avaliou.
Oddone participou hoje de uma mesa redonda sobre gás natural e energia elétrica no Brasil, promovido pelo Instituto das Américas.