O cartão de crédito está sendo uma alternativa mais utilizada pelo consumidor para o pagamento das dívidas do que foi em anos anteriores. A maioria das famílias está substituindo a modalidade de empréstimo bancário pelo cartão de crédito como ferramenta de financiamento dos gastos, demonstra pesquisa apresentada nesta sexta-feira pela Federação de Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomercio-RJ).
“O cartão foi incorporado ao dia-a-dia das pessoas. Sem dinheiro à vista, é uma alternativa para evitar o crescimento da dívida e para organizar as contas”, afirmou Christian Travassos, economista da Fecomércio-RJ.
Entre os 1 mil consumidores entrevistados em junho deste ano, 36,4% afirmaram pagar dívida em cartão de crédito, porcentual superior ao registrado em igual mês do ano passado (25,7%). O resultado inclui informação sobre pagamento à vista e parcelado com a cobrança de juros.
Em contrapartida ao crescimento do uso do cartão, caiu o número de pessoas que afirmaram pagar parcelas de empréstimo bancário, de 11,7% para 7,9%, e de crédito consignado, de 2,9% para 0,2%.
A escolha pelo cartão de crédito é uma solução se o pagamento for à vista, segundo Luiz Filipe Rossi, professor de Economia e Finanças do Ibmec-RJ, já que, neste caso, os juros pelo parcelamento da dívida são muito mais caros do que os de empréstimo em banco. Em situação de desemprego, é a pior alternativa para estender a dívida e pode, pelo contrário, contribuir para aumentar a inadimplência no futuro, alertou o economista.
Em situações de piora do mercado de trabalho, tradicionalmente, cresce também a opção pela postergação do pagamento do cartão crédito a juros altos, segundo o diretor da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Luiz Almeida. “Mas o quadro atual é de pleno emprego, por isso a substituição de outras fontes de crédito pelo cartão”, complementou.
A Abecs aposta em um crescimento do uso do cartão de crédito neste ano de 20%, inferior ao registrado em 2011, de 24%. Ainda assim, a avaliação é de que a alta de 20% é expressiva, considerando esse momento de economia mais fraca e a base de comparação alta.
A assimilação do cartão de crédito no orçamento familiar indica uma nova cultura financeira no País, fruto da estabilidade das diretrizes econômicas, de acordo com o professor do Ibmec-RJ. “Com uma inflação na casa dos 40%, como nas décadas de 80 e 90, não era concedido crédito. Atualmente, com uma inflação civilizada, experimentamos uma nova situação. O problema é não abusar. Lidar com crédito é um aprendizado”, afirmou Rossi.