NATHALIA GARCIA
FOZ DO IGUAÇU, PR (FOLHAPRESS)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou coragem e vontade política dos líderes europeus, neste sábado (20), após frustração com o adiamento da assinatura do acordo entre a União Europeia e o Mercosul, previso para ocorrer em Foz do Iguaçu.
“Infelizmente, a Europa ainda não se decidiu. Líderes europeus pediram mais tempo para medidas adicionais de proteção agrícola”, disse Lula. “Sem vontade política e coragem dos dirigentes não será possível concluir a negociação que se arrasta há 26 anos”, acrescentou.
A frustração pelo adiamento da assinatura do tratado UE-Mercosul e divergências sobre a crise da Venezuela, sob regime de Nicolás Maduro, marcam o encontro dos líderes sul-americanos.
A cúpula em Foz do Iguaçu encerra a presidência rotativa brasileira no bloco e contou com a presença dos presidentes da Argentina, Javier Milei, do Paraguai, Santiago Peña, e do Uruguai, Yamandú Orsi.
Recém-empossado, o presidente da Bolívia, Rodrigo Paz, não compareceu ao evento e foi representado pelo chanceler Fernando Aramayo Carrasco. Por outro lado, está presente o presidente do Panamá, José Raúl Mulino o país formalizou no fim de 2024 sua entrada como membro associado no bloco sul-americano.
Lula disse também esperar a assinatura de acordos internacionais nos próximos meses, já sob a liderança do Paraguai.
“Essa reunião de hoje [sábado] é o fim da minha presidência e começo da de Santiago Peña, presidente do Paraguai. Espero que tenhamos seis meses de uma boa colheita, de bons frutos e de bons acordos internacionais”, afirmou Lula na abertura da reunião.
“O mundo está ávido por fazer acordo com Mercosul, tem muitos países querendo fazer acordo com Mercosul. Nós certamente vamos conseguir nesse período fazer os acordos que não foram possíveis realizar na minha presidência”, disse.
Na última quinta (19), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou o adiamento da assinatura do acordo UE-Mercosul. Ela e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, eram esperados no Brasil, mas cancelaram a viagem.
A decisão frustrou o governo Lula e criou um anticlímax nos preparativos da cúpula do bloco sul-americano.
Um dia depois do adiamento, Von der Leyen disse estar confiante que o bloco europeu conseguirá o apoio necessário para aprovar o acordo com o Mercosul em janeiro do próximo ano, já sob a liderança paraguaia no bloco sul-americano.