Nem tudo é festa no Dia do Trabalhador, comemorado hoje. Pelo menos para grande parcela dos jovens brasilienses, que representam 43,9% dos 192 mil desempregados do Distrito Federal. São 84 mil pessoas sem trabalho, com idade entre 16 e 24 anos.
O cenário, na avaliação do especialista em administração da UnB, Jorge Pinho, é resultado do fraco sistema de ensino para capacitar os jovens. “A mão de obra do 2º Grau não possui qualificação técnica e isso é um problema”, aponta.
Outro fator que emperra a entrada desse segmento da população no mercado de trabalho é a característica administrativa da cidade. Para Jorge, a oferta de emprego na região está concentrada nos serviços públicos. O setor foi responsável pela criação de 20 mil novos postos de trabalho nos últimos 12 meses. “O jovem, do Ensino Médio, não consegue ultrapassar essa barreira, pois não estuda para isso, está na fase do vestibular”, ressalta.
Discrepância
Além disso, outro dado que contribui para a falta de emprego entre jovens, destaca a Companhia de Planejamento (Codeplan), é a comparação entre empregos criados e a entrada de novos contingentes no mercado de trabalho. No período de um ano, 25 mil pessoas ingressaram na População Economicamente Ativa, porém foram gerados apenas 23 mil postos de trabalho. Ou seja, 2 mil ficaram sem oportunidade de uma vaga.
Moradora de Brazlândia, a jovem Graziella Silva fala das dificuldades na hora de conseguir uma colocação. Há oito meses desempregada, a moça de 22 anos revela que as exigências são muitas, o que dificulta a conquista de um novo trabalho. “Só tenho experiência como secretária e se surgem vagas em outras áreas nem sou chamada”.
Hoje dona de casa, Graziella conta ainda que só consegue sustentar o filho de cinco anos por causa dos rendimentos do marido. “Se eu não fosse casada não teria como criá-lo”, diz. A jovem diz ainda que sua esperança é conseguir emprego como secretária. “Eles exigem experiência na carteira e só trabalhei com isso. Por isso, não vejo muitas opções para mim”, completa.