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Economia

Joesley em viagem com Lula é rearranjo de relações com a China, diz aliado de ministro

A relação de 102 nomes inclui os de Joesley e Wesley Batista, executivos da J&F, controladora da JBS, que firmaram um acordo de delação com o MPF

FolhaPress

20/03/2023 10h14

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Assessor especial do Ministério da Agricultura, o empresário Carlos Ernesto Augustin, conhecido como Teti, diz que a ida de uma comitiva com mais de cem representantes do agronegócio na viagem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará à China representa um rearranjo das relações com o país.

A relação de 102 nomes inclui os de Joesley e Wesley Batista, executivos da J&F, controladora da JBS, que firmaram um acordo de delação com o MPF (Ministério Público Federal) e admitiram participação em casos de corrupção.

Os irmãos, afirma Teti, são grandes exportadores de carne e têm “bilhões de reais” em negócios com a China. Logo, não poderiam ficar de fora da comitiva que vai ao país asiático.

“Se trata de uma rearrumação das relações internacionais do Brasil com a China, e os empresários vão lá para fazer negócios”, diz Teti, que assessora diretamente o ministro Carlos Fávaro (Agricultura) e atuou na campanha de Lula à Presidência.

Teti afirma que o fato de os irmãos terem firmado delação premiada e terem sido indiciados por crimes em que lucraram no mercado financeiro por terem informações privilegiadas não é motivo para eles deixarem de integrar a comitiva.

Ele lembra que o próprio Lula foi preso por acusações que posteriormente foram consideradas inválidas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e que isso não é motivo para que ele não possa chefiar o Executivo.

Joesley e Wesley Batista fecharam um acordo de delação premiada com o MPF (Ministério Público Federal) em 2017 em que relataram ter recebido benefícios em troca de compensações a agentes públicos.

Em 2019, por causa de problemas no acordo firmado com o MPF, os dois chegaram a ser presos e posteriormente liberados.

Em outra frente, a J&F assinou acordo de leniência ainda em 2017 e agora busca revisá-lo para reduzir em ao menos R$ 3 bilhões o total de R$ 10,3 bilhões (em valores de 2017) que concordou em pagar por envolvimento em casos de corrupção.

Os irmãos Batista integram uma lista de outros cem empresários do agronegócio que vão à China. Eles embarcam nesta segunda (20) para uma série de reuniões com chineses e retornam na semana que vem.

Os empresários viajarão em voos com horários parecidos. Os custos de viagem e hospedagem serão pagos por eles, segundo o Ministério da Agricultura. O papel da pasta e do governo, de acordo com assessores, é o de facilitar encontros e negócios que os executivos vão ter com chineses.

Além dos executivos do agro, pelo menos mais 50 industriais vão à China. Integram a lista empresas como Embraer, a Vale e alguns bancos. Este grupo também deve ir no início desta semana.

Já Lula tem embarque previsto para a sexta-feira (25) rumo ao país. No dia 28, o presidente terá uma série de reuniões políticas bilaterais com os chineses. Na quarta-feira (29), haverá agenda com a participação dos cerca de 200 empresários que vão ao país e Lula.

O presidente retornará ao Brasil no dia 30 após passar por Xangai, onde encontrará a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que será confirmada chefe do novo banco do Brics, e deve fazer ao menos uma escala nos Emirados Arábes.

Lula tem ao menos duas intenções com a viagem à China. Uma delas é a estreitar as relações com o gigante asiático, principal parceiro comercial do Brasil, com quem mantém um fluxo de R$ 125 bilhões.

Em outra frente, o governo tenta pressionar os americanos a oferecerem novas parcerias de investimento, comércio e cooperação. De acordo com assessores, a ideia é levar os americanos a “colocarem a mão no bolso”.

Também vão acompanhar Lula na viagem os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e outros 25 parlamentares.

A lista inclui, como mostrou o Painel, o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, Fausto Pinato (PP-SP), e da Comissão de Relações Exteriores, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP), além de líderes de partidos como PT, PDT e PC do B.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), presidente da CRE (Comissão de Relações Exteriores), e os líderes do governo no Congresso, no Senado e na Câmara, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Jaques Wagner (PT-BA), e José Guimarães (PT-CE), também estão na comitiva.

A previsão é que Lula assine uma série de memorandos com a China.

Julia Chaib, Brasília, DF

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