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Economia

Investir pequenas quantias mensais pode ajudar a garantir o futuro dos filhos

Arquivo Geral

03/09/2018 8h04

“Ela é meu maior investimento. Tenho que cuidar, pensar e amar. Sei que, um dia, ela vai fazer isso por mim. Não quero parar de depositar”. Alexandre Meira, professor. Foto:Francisco Nero/Jornal de Brasilia

João Paulo Mariano
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Depois que uma criança nasce, as preocupações daqueles que se tornaram pais crescem exponencialmente. Além de toda a parte educacional, existe a preocupação com o futuro financeiro do pequeno, já que haverá um momento em que ele terá que seguir sozinho. Assim, segundo especialistas, é imprescindível que, desde bem cedo, os pais auxiliem na preparação das finanças dos filhos, seja ensinando a poupar e a gastar, seja guardando dinheiro para quando eles crescerem.

O importante nesse momento é não levar a sério o ditado que fala “deixe a vida me levar” para não ser surpreendido por uma onda de desemprego ou de economia ruim, por exemplo. Para não ser pego de surpresa, o professor Alexandre Meira, de 34 anos, resolveu se antecipar e organizar a vida financeira da filha. Começou antes mesmo de ela aprender a falar ‘papai’.

Alexandre admite que demorou a tomar alguma atitude. Precisou até de um empurrão da mãe. “Não sou casado com a mãe da minha filha. E então percebi que eu não poderia ser um pai desatento ao futuro dos filhos, o que me indicou fazer logo uma poupança”, lembra o professor.

O primeiro depósito veio quando a menina fez um ano de idade. De lá para cá, “da mesma forma que algumas pessoas pagam o dízimo”, Alexandre faz depósitos mensais de R$ 100 na sua conta, mas destinada à filha Alice Meira Ramalho. Hoje, passados cinco meses, o professor admite que não tem sido uma tarefa fácil economizar, até porque ele não tinha tanto controle da própria vida financeira. O próximo passo é fazer uma poupança já em nome dela. Além disso, planeja aumentar os depósitos e deixar um capital ainda mais atrativo.

Alice ainda não está muito interessada no dinheiro. Prefere dar atenção ao Show da Luna e Pepa Pig. Como professor que é, Alexandre coloca a educação como prioridade, seja um curso ou uma faculdade, tanto aqui como fora do País. Contudo, ele admite que, como não sabe de que forma estarão as coisas daqui a 15 ou 20 anos, o jeito é imaginar que a menina aprenda a gastar seu dinheiro com sabedoria. Para ajudar, o mais novo presente da filha é um cofrinho, pois ele entende que nunca é cedo para aprender a poupar.

Para os pais que ainda não prestam atenção no futuro financeiro dos filhos, o professor ressalta: “Ela é meu maior investimento. Tenho que cuidar, pensar e amar”.

Onde investir?

Como o tempo é aliado de quem deseja se planejar, o investimento pensado deve ser de longo prazo. Até para que o lucro seja maior e os juros compostos envolvidos nessas transações façam valer a pena os anos despendidos nesse processo. A poupança é uma das opções mais pensadas na hora de começar a juntar dinheiro para os filhos.

Assim como Alexandre, muita gente faz uso da aplicação, que é de fácil acesso e de utilização largamente conhecida. Muitos bancos permitem, inclusive, que seja feita uma conta poupança em nome da criança para facilitar os depósitos.

Outra maneira interessante é fazer um investimento no Tesouro Direto. É possível aplicar montantes de pouco mais de R$ 30 e ter um rendimento maior que o oferecido pela poupança. É possível, inclusive, escolher um dos tipos de Tesouro em que o dinheiro fica “preso” por mais tempo, como o IPCA+.

Segredo está em ensinar como gastar ou poupar

A educadora financeira Carolina Ligocki avalia que muitos pais não conseguem pensar no futuro financeiro dos filhos porque não sabem organizar sequer o deles. “O Brasil tem índices de educação financeira muito baixos e isso tem consequências graves, como os altos índices de endividamento que a população se encontra”, analisa.

Para ela, é muito difícil que os filhos saibam gerir os recursos se os próprios pais não sabem fazer isso. Mas destaca que há um movimento para mudar esse quadro, até mesmo na introdução da educação financeira de forma obrigatória em todas as escolas do Brasil a partir de 2020.

Carolina adverte, contudo, que o processo de juntar dinheiro para os filhos deve ocorrer juntamente com a prática de educação financeira – que tem de começar dentro de casa. “Não é somente o dinheiro, é o que se sabe sobre ele. É importante que se invista na educação do filho de forma comportamental, até para que a criança seja capaz de gerar dinheiro. Não é preciso construir herança, mas ensinar a criança a ter independência para construir a fortuna dela”, aconselha.

Em relação a forma de juntar dinheiro, a especialista diz que é preciso analisar o objetivo dos pais. Se é para pagar a faculdade, um intercâmbio ou para auxiliar na compra de um lugar para morar, isso vai depender de cada um.

Ao final, Carolina aconselha: há momentos que o Tesouro Direto rende mais que a poupança, apesar de a última ser mais conhecida.

Saiba mais

Tanto dentro como fora do País, é possível aos pais fazer uma poupança em nome deles ou dos filhos. Fazer em nome da criança pode evitar a tentação de gastar a grana antes do tempo. Em geral, é possível ficar adepto do débito programado e impedir esquecimentos ou das tentações na hora de depositar.

É possível aderir ao Tesouro Direto vinculado à Selic – a taxa básica de juros – que permite retirar o dinheiro a qualquer momento. Ainda há a opção por rendimento semestral; ou ainda aquele que se vincula ao IPCA. É possível abrir conta em nome da criança tanto no banco quanto na investidora .

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