A inflação brasileira acumulada no primeiro semestre do ano foi de 3, try 64%, a maior para o período desde 2003 (6,64%) e muito acima dos 2,08% registrados nos primeiros seis meses de 2007, anunciou hoje o Governo.
Apesar de a inflação ter diminuído ligeiramente entre maio (0,79%) e junho (0,74%), o índice acumulado no semestre já ameaça a meta do Governo de fechar o ano com uma taxa de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos (entre 2,5% e 6,5%).
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado nos últimos 12 meses até junho chegou a 6,06%, a maior taxa anualizada desde a registrada em novembro de 2005 (6,22%), segundo o relatório divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que a inflação já superou o centro da meta do Governo e se aproxima do teto.
Segundo as últimas previsões do Banco Central, a inflação deste ano será de 6%. Já os economistas dos bancos privados consultados pelo órgão emissor calculam que o Brasil fechará o ano com uma inflação de 6,4%.
Se estas previsões forem cumpridas, a inflação de 2008 será quase dois pontos percentuais superior à do ano passado (4,46%) e a maior para um ano desde 2005 (5,69%).
De acordo com o IBGE, a inflação no primeiro semestre foi impulsionada principalmente pelo aumento dos preços dos alimentos, que acumulam um reajuste de 8,64%.
Os aumentos dos alimentos são responsáveis por 1,88 ponto percentual da inflação de 3,68% medida nos primeiros seis meses do ano, ou seja, pouco mais da metade de todo o índice.
Os alimentos foram reajustados em 15,79% no período entre julho de 2007 e junho de 2008, sendo responsáveis por 3,43 pontos percentuais da inflação anualizada até junho (6,06%).
Apesar de o Governo ter manifestado seu alívio pela desaceleração do aumento dos preços em junho em relação a maio, os alimentos foram os principais responsáveis pelo índice (63%) do mês passado. Além disso, os preços dos alimentos aumentaram mais em junho (2,11%) do que em maio (1,95%).
Apesar de a inflação de junho ter sido menor que a de maio, a taxa foi quase três vezes superior à do mesmo mês do ano passado (0,28%). “A taxa foi um pouquinho menor que em maio, mas ainda é preocupante”, disse o ministro do Planejamento Paulo Bernardo.
“Mesmo com o aumento da inflação, o Brasil é um dos poucos países que vêm conseguindo manter o índice dentro da meta. Estamos resistindo, mas temos que tomar medidas para aumentar nossa resistência”, acrescentou.
O índice oficial de inflação do Brasil, medido desde 1980 pelo IBGE, estabelece a variação de preços em 11 das maiores cidades do país para as famílias com rendas de entre US$ 257 e US$ 10.306 mensais.