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Economia

Ibovespa cai 1,08%, aos 126,8 mil pontos, com commodities

Hoje, o índice da B3 saiu de máxima na abertura aos 128.182,88 pontos e, na mínima, à tarde, chegou aos 126.643,22 pontos

Redação Jornal de Brasília

04/12/2023 19h11

Foto: Reprodução/ Flickr

O Ibovespa lutou até o meio da tarde desta segunda, 4, mas não conseguiu conservar a linha dos 127 mil pontos, em dia de realização de lucros que se acumularam na passagem de um ótimo novembro (+12,54%) para a primeira sessão de dezembro, na sexta-feira, quando subiu 0,67%. Hoje, o índice da B3 saiu de máxima na abertura aos 128.182,88 pontos e, na mínima, à tarde, chegou aos 126.643,22 pontos. No fechamento, mostrava perda de 1,08%, aos 126.802,79 pontos, com giro financeiro a R$ 19,6 bilhões. No mês de dezembro, nessas duas primeiras sessões, cede 0,41%. No ano, sobe 15,55%.

“É natural esperar algum tipo de correção para esse começo de dezembro, mas há espaço para que seja ainda um mês forte, como foi novembro”, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. Hoje, “o índice perdeu força pelo mau desempenho das commodities, o petróleo Brent em Londres como também o minério em Dalian China: o movimento foi semelhante entre os principais índices do mundo. Na B3, os destaques foram a baixa nas aéreas e no varejo, liderando mais uma vez o campo negativo”, diz Alex Carvalho, analista da CM Capital.

Assim, na ponta negativa do Ibovespa nesta primeira sessão da semana, Gol (-9,19%), Magazine Luiza (-7,83%), Azul (-5,82%), Alpargatas (-5,51%) e Grupo Casas Bahia (-5,45%). No lado oposto, destaque para Engie (+1,31%), Totvs (+0,95%) e Santander Brasil (também +0,95%). Desde 27 de outubro, o Ibovespa não registrava perda diária na casa de 1% – naquela data, tinha cedido 1,29%.

“Houve, na sessão de hoje, um movimento de adição de prêmio de risco à curva de juros doméstica, o que afeta as ações cíclicas na B3, mais sensíveis. No exterior, a curva de juros também mostrou volatilidade na sessão, nos vértices mais longos, em semana com agenda importante, especialmente de dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos”, diz Spiess, da Empiricus.

“Se o Ibovespa tivesse conseguido manter os 127 mil pontos, seria um bom sinal para o resto da semana”, acrescenta o analista, observando que o dia esteve comprometido, desde a abertura, pela pressão decorrente das ações de commodities e em parte do setor financeiro, ambos de grande peso no índice.

Vale ON, a ação de maior peso individual no Ibovespa, caiu hoje 2,25%, enquanto Petrobras ON e PN encerraram o dia, respectivamente, em baixa de 1,96% e 2,13%. Entre os grandes bancos, os ajustes foram mais discretos, e o fechamento se mostrou misto para as maiores instituições, com Bradesco PN ainda em baixa (-0,74%), assim como BB (ON -0,39%). Além de Santander (Unit +0,95%), Itaú (PN +0,13%) e Bradesco ON (+0,28%) subiram nesta segunda-feira.

“Vale ON, sozinha, representa 15,02% da carteira teórica do Ibovespa. Com esse peso todo, caindo mais de 2% na sessão, explica muito dessa correção por que passou hoje o índice, que vem de ganhos nas duas sessões anteriores”, diz Stefany Oliveira, head de análise de trade da Toro Investimentos.

“O receio quanto ao crescimento global colocou pressão nas commodities, em dia de agenda fraca, que favoreceu o movimento de realização de lucros, acentuado à tarde”, observa Dennis Esteves, sócio e especialista da Blue3 Investimentos. Ele acrescenta que, mesmo com a correção desta abertura de semana, o Ibovespa permanece em níveis não vistos desde meados de 2021, ainda em patamar elevado, apesar das dúvidas que têm emergido sobre a demanda global por commodities, segmento a que a Bolsa brasileira tem grande exposição.

A pressão negativa obre o preço do petróleo chegou a arrefecer no começo da tarde, quando as cotações ensaiaram um flerte com terreno positivo na sessão, mas tal movimento não se sustentou. Se por um lado há contínua preocupação sobre demanda, por outro, investidores observam também a situação geopolítica no Oriente Médio, após ataque a um navio de guerra americano no Mar Vermelho, ontem. O grupo Hutis, do Iêmen, reivindicou a autoria, e o Pentágono acusou o Irã – grande produtor de petróleo – de permitir os ataques. (*Com Maria Lígia Barros)

Dólar

O dólar à vista atingiu o maior nível de fechamento em mais de um mês nesta segunda-feira, 4, dia marcado por fortalecimento global da moeda americana e avanço firme das taxas dos Treasuries. Segundo operadores, a agenda pesada desta semana, com destaque para a divulgação do relatório de emprego (payroll) nos EUA em novembro, nesta sexta-feira, 8, traz cautela aos mercados. Investidores embolsam lucros e reduzem a exposição ao risco, após terem no fim da semana passada aumentado as apostas em início de corte de juros pelo Federal Reserve em março de 2024, na esteira de fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

Em alta desde a abertura dos negócios, o dólar à vista ganhou ainda mais força ao longo da tarde, quando superou o nível de R$ 4,95 na máxima (R$ 4,9532), em sintonia com a piora do sentimento externo e as mínimas do Ibovespa. Operadores relataram movimento de realização de lucros com ações locais e ordens de limitação de perdas (stop loss) no mercado futuro, sobretudo por parte investidores de curto prazo que montaram “posições vendidas” em dólar no fim da semana passada. No fim do dia, a divisa subia 1,39%, cotada a R$ 4,9487 – maior valor desde 1º de novembro (4,9730).

No exterior, o índice DXY – termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes – superou os 103,800 pontos na máxima, com valorização de mais de 0,50%. As moedas emergentes e de exportadores de commodities caíram em bloco, com o florim húngaro exibindo as maiores perdas, acima de 3,5%. Entre os pares do real, as maiores baixas foram dos pesos mexicano e o chileno. A taxa da T-note de 2 anos, mais ligada ao rumo da política monetária dos EUA, renovou máxima à tarde, na casa de 4,65%.

Para o diretor de investimentos da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, as moedas emergentes sofrem hoje com correção de parte dos excessos do fim da semana passada, quando investidores se apoiaram no discurso de Powell para ampliar o rali dos ativos de risco.

“Powell não disse nada mais forte que justificasse o movimento de sexta. Mas o mercado se animou e já colocou mais de 100 bases-points de corte dos juros no ano que vem”, diz Jolig, para quem é prematuro ver um afrouxamento monetário nos Estados Unidos no primeiro semestre de 2024, apesar do quadro mais benigno da economia americana.

Na sexta-feira, Powell que o Fed não precisa “agir com pressa” e pode adotar uma postura cautelosa, levando em conta os efeitos defasados e cumulativos da alta de juros. Ele também afirmou que, embora ainda acima da meta de 2%, a inflação “está indo na direção correta”.

Jolig pondera que, apesar da correção de hoje, o bom humor do mercado ao longo de novembro é compreensível. A leva mais recentes de indicadores mostra que a inflação está perdendo fôlego e caminhando para a meta com um mercado de trabalho ainda forte – o que configura o sonhado quadro de “pouso suave” da economia americana.

O diretor de investimentos da Alphatree Capital mantém uma visão construtiva para a moeda brasileira, embora possa haver uma pressão para alta da taxa de câmbio no curto prazo, com remessas típicas de fim de ano. “O real está hoje sofrendo ajuste junto com as outras divisas emergentes. Temos uma sazonalidade ruim para a moeda, o dólar pode até atingir R$ 5,00, mas não há uma mudança dos fundamentos, que continuam positivos”, afirma. (Antonio Perez – [email protected])

Juros

Os juros futuros confirmaram no fechamento da sessão o sinal de alta que prevaleceu nas taxas durante toda a sessão, influenciados pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries e pela piora do câmbio. O ajuste global nas curvas refletiu a percepção de que as apostas sobre o ciclo de corte de juros nos EUA estavam muito otimistas e certa cautela com a agenda econômica da semana.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou a 10,325%, de 10,273% no último ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 não resistiu na marca de um dígito, encerrando a 10,00% (9,90% na sexta-feira). A taxa do DI para janeiro de 2027 terminou em 10,14%, de 10,01%, e a do DI para janeiro de 2029 subiu de 10,46% para 10,58%.

O avanço das taxas se deu num ambiente de liquidez bastante fraca, o que deixa a curva mais suscetível a operações às vezes pontuais. De todo modo, o contexto externo negativo deu respaldo à abertura, com o mercado considerando exagerada a precificação de queda de juro nos EUA já em março e também o orçamento de queda de até 1,25 ponto porcentual até o fim do ano embutido nos ativos. A taxa da T-Note de 2 anos subiu para 4,65% e a de 10 anos, para 4,27%, flertando com os 4,30% nas máximas do dia. O dólar teve valorização generalizada, fechando no Brasil em R$ 4,9487.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, destaca que na semana passada a curva americana chegou a precificar cortes na virada do primeiro para o segundo trimestre, com os juros encerrando o ano entre 4,5% e 4,25%. “Como tem dados do mercado de trabalho nos EUA nesta semana, o mercado está mantendo alguma cautela. Apesar de estarem apontado para desaceleração, na verdade ainda são mistos e vêm mostrando resiliência da economia”, disse. Na sexta-feira, será divulgado o relatório de emprego norte-americano referente a novembro.

Em boa medida, a empolgação do mercado com o ciclo de afrouxamento nos EUA veio da leitura dos discursos de dirigentes do Fed, incluindo o do presidente Jerome Powell. Mas, como destaca o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho: “Powell sinalizou que vai prolongar a taxa e não que vai antecipar a queda”. Para Velho, é natural que, então, o mercado embolse parte dos lucros, esperando os dados da semana. “E, com as altas do yields, os juros aqui acompanham, na ausência de novidades do fiscal”, afirmou.

A agenda econômica no Congresso, porém, deve começar a andar somente após o retorno ao Brasil do presidente Lula, e dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A pesquisa Focus não trouxe mudanças significativas para justificar alteração da percepção sobre a política monetária. As medianas de IPCA oscilaram apenas 1 ponto para 2023 (4,53% para 4,54%) e para 2024 (3,91% para 3,92%), enquanto para 2025 e 2026 continuaram em 3,50%.

As declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em eventos ao longo do dia foram acompanhadas, mas também sem impacto sobre a curva. Durante a LiveBC, às 14h, ele se ateve ao tema das questões climáticas e suas influências nos mandatos do BC. Mais tarde, falou em evento organizado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mas tratando apenas do arcabouço da instituição para prevenção à lavagem de dinheiro.

Estadão Conteúdo

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