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Economia

Ibovespa abre semana de Copom e Fed em baixa de 0,14%, aos 126,9 mil pontos

A semana reserva também outras decisões sobre juros, como a do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira

Redação Jornal de Brasília

11/12/2023 19h31

Foto: Reprodução/ Flickr

Após dois ganhos moderados no fechamento da semana passada, o Ibovespa fez uma pausa, em leve viés negativo no encerramento desta segunda-feira, tendendo a permanecer de lado até que se conheçam as comunicações do Federal Reserve e do Copom, em quarta-feira de deliberações sobre as políticas monetárias nos Estados Unidos e no Brasil. A semana reserva também outras decisões sobre juros, como a do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira.

Na B3, o índice de referência cedeu hoje 0,14%, aos 126.916,41 pontos, em sessão na qual mostrou variação muito contida, de apenas 627 pontos entre a mínima (126.526,12) e a máxima (127 153,64) do dia, em que saiu de abertura aos 127.092,79 pontos. Muito fraco, o giro financeiro ficou em R$ 16,4 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa recua 0,33%, com ganho no ano a 15,66%.

Na decisão desta quarta-feira, 13, “o Fed ainda deve manter postura hawkish rígida em seu comunicado”, avalia em nota a Guide Investimentos. “Vale lembrar que nesta reunião será divulgado também o relatório de projeções dos diretores, com o gráfico de pontos. É possível que o relatório reforce o discurso do higher for longer taxas de juros altas por mais tempo”, acrescenta a casa.

Na B3, apesar do desempenho favorável da curva de juros doméstica nesta abertura de semana, as ações cíclicas estiveram entre as perdedoras do dia, com o índice de consumo (ICON) em baixa de 0,56% no fechamento, praticamente estável para os materiais básicos (IMAT +0,09%). Na ponta do Ibovespa, Pão de Açúcar (-6,70%), Braskem (-4,71%), Petz (-3,74%) e Dexco (-3,67%). Na fila oposta, Magazine Luiza (+4,69%), B3 (+2,88%) e Embraer (+2,85%).

O dia foi majoritariamente negativo para as ações de maior peso e liquidez, à exceção de Vale (ON +0,08%) e de outros nomes do setor metálico, como Gerdau (+0,13%) e Usiminas (PNA +0,24%), apesar da leve queda do minério de ferro na China, em baixa de 0,37% (Dalian). Por outro lado, mesmo com moderado avanço do petróleo na sessão, Petrobras ON e PN encerraram em baixa, respectivamente, de 0,30% e 0,38%. Entre os grandes bancos, as perdas no fechamento ficaram entre 0,02% (BB ON) e 0,79% (Bradesco PN).

“Foi um dia de baixíssima volatilidade com calendário de dados esvaziado na sessão. E a curva de juros americana desde a manhã mostrou avanço, como nas sessões anteriores, em movimento que havia recebido impulso na última sexta-feira com o relatório oficial sobre o mercado de trabalho americano, que veio mais forte do que o esperado”, observa Alan Soares, analista da Toro Investimentos.

Após leituras mais fracas sobre o emprego na semana passada, em relatórios como os da ADP e o Jolts, o sinal trocado mostrado pelo payroll da última sexta contribuiu para reforçar a expectativa para os sinais do Federal Reserve nesta semana, apontam analistas.

“Há expectativa, alguma incerteza mesmo, para as decisões de política monetária que sairão entra a quarta e a quinta-feira. E com toda essa cautela e incerteza logo adiante, o investidor opta por segurar um pouco, sem comprar nem vender, deixando o mercado de lado, aqui como lá fora também”, diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos.

Dólar

O dólar à vista subiu 0,15% em relação ao real hoje, a R$ 4,9369, acompanhando em parte a alta global da moeda americana. A incerteza dos investidores antes da decisão de juros do Federal Reserve (Fed), nesta quarta-feira, ajudou a sustentar os ganhos. Aqui, dúvidas sobre a capacidade de o governo aprovar seu pacote de arrecadação no Congresso a duas semanas do recesso parlamentar, em 22 de dezembro, também pesaram sobre o real.

A combinação desses fatores garantiu o terceiro dia seguido de valorização da divisa americana ante a brasileira. Hoje, ela oscilou entre a mínima de R$ 4,9302 (+0,01%) e a máxima de R$ 4,9599 (+0,62%), ambas vistas durante a manhã. O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis rivais fortes, chegou a subir mais de 0,20%, mas fechou o dia mais próximo da estabilidade (+0,08%).

Assim como na última sexta-feira, as apostas na condução da política monetária pelo Fed deram o tom dos negócios. Depois de o ‘payroll’, relatório de empregos dos Estados Unidos, ter mostrado geração de vagas mais forte que o esperado, investidores aproveitaram o dia para se posicionar para os próximos dados. Amanhã, antes da decisão do Fed, ainda serão divulgados os números da inflação ao consumidor (CPI) americana

“O ‘payroll’ pode ter sido um ponto sazonal, mas, se a inflação vier mais puxada, o mercado pode ficar com uma aposta de que os juros dos Estados Unidos não vão cair tanto. Então, os investidores acabam fazendo um hedge agora”, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. “O dólar puxando um pouco mais hoje foi principalmente essa pressão pré-Fed e, aqui, o fiscal incerto deixou o real um pouco mais volátil.

O diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, lembra que o mercado acabou adotando uma postura mais avessa ao risco após o ‘payroll’. Essa tendência, ele acrescenta, é fortalecida pela bateria de decisões de política monetária da semana. Além do Fed, o Banco Central brasileiro também decide sobre os juros na quarta. Na quinta-feira, é a vez do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco da Inglaterra (BoE).

A aposta majoritária do mercado é que o Fed vai manter os juros na faixa de 5,25% a 5,50%, mas os investidores aguardam sinalizações do presidente do BC americano, Jerome Powell, para balizar as apostas no início do ciclo de cortes.

A incerteza no front doméstico está concentrada na capacidade do governo de fazer andar o seu pacote de aumento da arrecadação no Congresso. Hoje, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse estar confiante na aprovação das medidas.

“O ambiente fiscal brasileiro é o que tem prejudicado o real”, afirma Rolha, da Venice. “Mas, na medida em que lá fora tivermos novas informações benéficas e um ambiente macro melhor, o real tem espaço para performar muito bem, até aquele suporte de R$ 4,85, pelo fluxo que o estrangeiro aporta aqui. Acho que o Brasil, por fundamento e exclusão de opções, ainda acaba sendo o melhor entre os emergentes.”

Juros

Os juros futuros fecharam praticamente estáveis, com as taxas rondando os ajustes anteriores durante toda a sessão, sem impulso para se firmar em alta ou em baixa. Num dia sem destaques no calendário econômico ou no noticiário, o investidor preferiu evitar posições mais direcionais antes do desenrolar da agenda da semana, repleta de decisões de política monetária e indicadores de inflação, com destaque para o Copom na quarta-feira. A expectativa pela definição da pauta fiscal em Brasília também ajudou a travar os negócios.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou a 10,320%, de 10,339% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passou de 10,00% para 9,98%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,09% (10,10% no ajuste) e a do DI para janeiro de 2029 fechou estável em 10,54%.

O compasso de espera pelos eventos dos próximos dias resultou em volume fraco no mercado de juros, como mostra o DI para janeiro de 2025, hoje o mais líquido, com apenas 433.235 contratos. Na média diária dos últimos 30 dias, esse DI girou 1,071 milhão de contratos. A semana contempla, além das reuniões do Copom e do Federal Reserve na quarta-feira, IPCA e inflação ao consumidor dos EUA amanhã e a decisão do Banco Central Europeu (BCE) na quinta, 14.

As taxas curtas percorreram a sessão mostrando viés de baixa, atribuído à expectativa de que o comunicado do Copom tenha um tom suave, não necessariamente indicando aceleração do ritmo de queda da Selic. Um reconhecimento do caráter benigno da inflação nas últimas divulgações e a melhora do cenário externo são exemplo de elementos que podem ser interpretados como dovish pelo mercado, afirma o economista-chefe do banco BmG, Flávio Serrano.

O consenso tanto nas mesas de operação quanto nos Departamentos Econômicos é de que o Copom deve seguir o foward guidance com quedas de 0,50 ponto da Selic na reunião da quarta-feira e também em janeiro. Na curva, segundo Serrano, a precificação apontava nesta tarde Selic terminal em 9,65%.

O Santander considera que o ritmo de 0,50 ponto para as próximas reuniões é “apropriado dadas as circunstâncias locais e externas”. “À medida que o ciclo de flexibilização evolui, acreditamos que o risco de um ritmo mais acelerado de cortes fica cada vez menos provável”, afirma a equipe de Macroeconomia liderada por Ana Paula Vescovi, que vê Selic terminal em 9,50%, em julho.

Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, lembra que o Copom sinalizou que uma aceleração dos cortes dependeria de avanços significativos em três frentes: ancoragem de expectativas de inflação, comportamento da inflação de serviços e grau de ociosidade da economia. “A rigor, houve apenas melhoria na parte da inflação de serviços”, diz.

Nesse sentido, o IPCA de novembro, amanhã, pode dar algum fôlego dovish às apostas do mercado às vésperas do Copom. A mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast é de 0,29%, ante 0,24% em outubro.

O mercado de Treasuries hoje não serviu muito de parâmetro para a curva local. Os yields desaceleraram a alta após leilões do Tesouro americano, mas as taxas por aqui seguiram rondando os ajustes anteriores. No fim da tarde, o retorno da T-Note de 10 anos estava em 4,24%.

O cenário fiscal é monitorado com atenção, dada a urgência da definição das propostas de arrecadação que estão no Congresso e que são cruciais para que o arcabouço fiscal se mantenha em pé. O êxito do governo na aprovação dos projetos, especialmente o da subvenção do ICMS, considerado o mais importante, pode esfriar por ora os temores de alteração da meta fiscal para evitar os contingenciamentos indesejados pelo presidente Lula.

O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, negou hoje categoricamente haver discussão de revisão da meta dentro do governo. Disse que, se preciso, o governo vai avaliar a viabilidade de medidas adicionais para entregar a meta, mas assegurou que flexibilizar o objetivo não está em questão.

Estadão Conteúdo

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