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Economia

Haddad diz que Brics não deve significar ‘nenhum tipo de antagonismo’ a outros blocos

A fala do ministro ocorre em meio ao debate sobre a ampliação do bloco. A China, maior economia do grupo, defende uma ampla expansão

Redação Jornal de Brasília

22/08/2023 6h37

Foto: Mauro Pimentel/ AFP

RICARDO DELLA COLETTA
JOANESBURGO
(FOLHAPRESS)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), defendeu nesta terça-feira (22) que o Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) não deve significar “nenhum tipo de antagonismo a outros fóruns importantes” no cenário internacional.

“Nós acreditamos que o Brics tem grande contribuição a dar. Brasil, África do Sul, Índia, China e Rússia podem, cada um a partir de sua perspectiva, oferecer ao mundo uma visão que seja coerente com seus propósitos e que não signifique nenhum tipo de antagonismo a outros fóruns importantes dos quais nós mesmos participamos”, disse Haddad, na abertura do fórum de negócios do bloco, em Joanesburgo.

A fala do ministro ocorre em meio ao debate sobre a ampliação do bloco. A China, maior economia do grupo, defende uma ampla expansão. O projeto de Pequim é visto como a tentativa de criar um fórum antagonista aos Estados Unidos e ao G7 —que reúne os países industrializados.

Isso porque entre os candidatos a entrar há adversários históricos dos EUA, como Irã, Venezuela e Cuba.

O projeto chinês enfrenta resistência principalmente do Brasil e da Índia. Antes refratários à expansão, ambos países hoje aceitam discutir a ampliação, mas querem critérios que, entre outros pontos, evite a politização do grupo.

Em seu discurso, Haddad defendeu ainda o multilateralismo. Disse ainda que é preciso reformar organismos internacionais para que eles melhor reflitam o novo cenário global e a ascensão de economias emergentes.

Poucas horas depois, o assessor especial da presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, disse que a cúpula do Brics representa uma “afirmação global”. “Acho que todo o interesse inclusive que existe na expansão, países que desejam ser parceiros ou membros plenos do Brics, demonstra que há uma nova força no mundo. O mundo não pode ser mais visto como ditado pelo G7. O [ex-presidente dos EUA Barack] Obama já tinha percebido isso quando disse que o G20 substituiu o G7”, declarou.

Agora está havendo uma tendência em função da rivalidade entre EUA e China, em função da guerra da Ucrânia, está tendo uma retração. Acho que, acima de tudo, essa reunião do Brics, com o grande interesse, o enorme número de países em desenvolvimento, demonstra que o mundo é mais complexo do que isso”.

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