Menu
Economia

Dólar abre esta quinta (23) com leve queda após divulgação de ata do Fed

Os investidores analisaram a ata da última reunião de política monetária do Fed, que, no início de maio, manteve os juros inalterados na faixa de 5,25% a 5,50%

Redação Jornal de Brasília

23/05/2024 10h23

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O dólar recuava frente ao real nesta quinta-feira (23), acompanhando o esfriamento da divisa estadunidense no exterior. Às 9h05, a moeda à vista caía 0,36%, a R$ 5,137 na venda.

A leve queda acontece como um movimento de ajuste após forte alta vista na véspera, com a divulgação da ata do Fed (Federal Reserve).

Nesta quarta (22), o dólar subiu 0,75%, cotado a R$ 5,154 na venda. Já a Bolsa fechou em queda de 1,38%, a 125.650 pontos.

Os investidores analisaram a ata da última reunião de política monetária do Fed, que, no início de maio, manteve os juros inalterados na faixa de 5,25% a 5,50%. A expectativa era de mais pistas sobre a trajetória da taxa básica dos EUA, referência para os mercados globais.

O documento, porém, “não trouxe nenhuma grande novidade”, na avaliação de Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

“Os dirigentes fizeram apontamentos como os que fizeram ao longo dos últimos meses: que vão perseguir a meta de inflação em 2% e que só vão se sentir confortáveis em iniciar o corte de juros quando tiverem certeza da convergência da inflação à meta”, diz.

A reunião aconteceu entre os dias 30 de abril e 1º de maio, antes da divulgação dos dados de inflação de abril, que vieram abaixo do esperado.

De lá para cá, cresceu a esperança de que a autoridade norte-americana cortasse os juros em reuniões futuras, animando os pregões norte-americanos. Os dirigentes do Fed, no entanto, repetiam que era preciso mais confiança na continuidade do processo de desinflação para ter alguma mudança na política monetária.

A ata reforçou o recado -e ainda indicou que “vários” membros do comitê de política monetária consideravam possíveis novos aumentos na taxa de juros, diante de um conjunto de riscos como resiliência do mercado de trabalho e uma dispersão maior dos itens que compõem a inflação.

“[Isso] faz com que a projeção de cortes de juros para este ano praticamente desapareça, motivo mais do que importante e relevante para que o mercado comece a realizar [lucros] nos EUA, dado que as Bolsas bateram máximas históricas na semana passada”, diz Marcelo Vieira, chefe de renda variável da Ville Capital.

Em resposta, os índices norte-americanos estenderam perdas, assim como o Ibovespa. Por aqui, também pesaram as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Em audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, ele afirmou temer que a tragédia climática no Rio Grande do Sul seja usada como argumento a favor de um aperto na taxa Selic, cujo patamar nos atuais 10,5% ao ano é “ainda muito restritivo”, na análise do ministro.

“Eu fico com muito medo de usarem a tragédia no Rio Grande do Sul, que tem que ser enfrentada, como um argumento que deveria ser usado às avessas. Sempre quando você tem um choque de oferta, você muitas vezes é obrigado a relaxar a política monetária e não piorar a situação. Mas isso é um debate técnico que o Tesouro e o Banco Central têm que fazer.”

As declarações aconteceram em meio a discussões sobre a política monetária doméstica, conforme crescem as apostas de uma taxa Selic mais alta do que o previsto ao final de 2024.

Na reunião do começo do mês, o BC reduziu a Selic em 0,25 p.p., após seis cortes consecutivos de 0,5 ponto. O presidente da instituição, Roberto Campos Neto, ainda disse em entrevista na semana passada que não pode antecipar novas reduções, sob o argumento de que a autarquia precisa “de tempo, serenidade e calma para saber como as variáveis vão se desenrolar”.

Em geral, quanto mais o Federal Reserve cortar os juros e menos o BC afrouxar a Selic, melhor para o real.

Isso porque, quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e EUA, mais interessante fica a moeda doméstica para uso em estratégias de “carry trade”, em que investidores tomam empréstimo em país de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercado mais rentável.

A Selic mais alta, porém, inibe o consumo como forma de controlar a inflação doméstica -o que, para Haddad, contrasta com a atual conjuntura econômica.

“Há um coro velado de que a inflação está alta, mas a inflação (atual) é uma das mais baixas da nossa história. Desde o Plano Real para cá, pegue os anos em que a inflação foi menor do que 4%. São raros os anos”, disse.

“Então eu não estou entendendo esse ruído todo que está acontecendo, esse ruído não está fazendo bem para a economia brasileira e não tem amparo nos dados”, afirmou Haddad, dizendo, sem entrar em detalhes que há “interesse” por trás de críticas à política econômica do governo.

As curvas de juros futuros subiram em resposta aos acontecimentos do dia, afetando papéis sensíveis à Selic, como Lojas Renner (7,09%), Magazine Luiza (5,16%) e MRV (3,94%).

Vale recuou 0,79%, enquanto Petrobras teve alta, com as preferenciais subindo 1,36% e as ordinárias, 0,94%.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado