JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar opera em queda no início do pregão desta sexta-feira (22). Por volta das 9h32, a moeda americana cedia 0,16%, a R$ 4,8785.
Investidores operam em compasso de espera pelo PCE (inflação americana de consumo pessoal), o índice de preços mais acompanhado pelo Fed (banco central dos EUA). A expectativa é que o índice desacelere de 3% em outubro para 2,8% em novembro. A meta do Fed para a inflação é de 2%. Quanto mais longe da meta, há menos chances da autoridade cortar juros na primeira metade de 2024.
Ontem o dólar fechou em queda de 0,49%, a R$ 4,8868, após dados da maior economia do mundo reforçarem a aposta de investidores em uma queda nas taxas em março, mesmo com a sinalização de autoridades monetárias de que o afrouxo deve vir mais tarde.
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Na quinta, investidores repercutiram os dados de auxílio de desemprego e do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre dos EUA e o que eles podem implicar à política monetária americana.
O número de americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego teve leve (2.000) alta na semana passada, para 205 mil, sugerindo uma força subjacente na economia à medida que o ano se encerra. Economistas consultados pela Reuters previam 215 mil pedidos.
Embora os dados de pedidos de auxílio sejam voláteis nessa época do ano por causa dos feriados, eles permanecem consistentes com um mercado de trabalho razoavelmente saudável, que deve manter a economia longe de uma recessão no próximo ano. Pelo lado negativo, eles podem gerar inflação e frear o esperado ciclo de cortes nos juros americanos.
Já na leitura final do PIB americano do terceiro trimestre, o governo confirmou que o crescimento econômico acelerou a uma taxa anualizada de 4,9%, em dado revisado para baixo em relação ao ritmo de 5,2% informado anteriormente. Economistas esperavam que não houve revisão, mas esse ainda foi o ritmo de expansão mais rápido desde o quarto trimestre de 2021.
A economia, que cresceu 2,1% no segundo trimestre, tem se expandido a um ritmo muito acima do que as autoridades do Fed consideram como a taxa de crescimento não inflacionária de cerca de 1,8%. No entanto, o ímpeto parece ter esvaído nos últimos três meses do ano, à medida que os gastos dos consumidores diminuem. Para o quarto trimestre, as estimativas de crescimento variam de 1,1% a 2,7%.
“Esse nível de atividade um pouco mais fraco do que o estimado renovou as apostas dos investidores sobre a condução da política monetária americana um pouco menos apertada”, diz Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.
A grande maioria do mercado (71,3%, segundo a plataforma CME) aposta que o juro americano será reduzido em 0,25 ponto percentual em maio. Ontem, esse percentual era de 69,3%.
“Tudo isso corrobora a visão de que o Fed pode derrubar os juros mais rápido e até mais vezes no ano que vem, e isso acabou enfraquecendo o dólar na sessão”, afirma Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.