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Economia

Consumo das famílias sobe 2,6% no segundo trimestre

O recuo de 0,9% no consumo do governo, segundo o IBGE, pode ser associado a gastos menores com compra de vacinas

FolhaPress

01/09/2022 17h39

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Leonaro Vieceli e Eduardo Cucolo
Rio de Janeiro, RJ e São Paulo, SP

O consumo das famílias, motor do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, cresceu 2,6% no segundo trimestre de 2022, em relação aos três meses imediatamente anteriores. O resultado foi divulgado nesta quinta-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Já o consumo do governo recuou 0,9%. Os investimentos na economia subiram 4,8%. O PIB total, por sua vez, cresceu 1,2% no segundo trimestre no Brasil.

O consumo das famílias é o principal componente do PIB sob a ótica da demanda -ou seja, dos gastos com bens e serviços. Responde por cerca de 60% do cálculo do indicador.

“A alta do consumo das famílias está relacionada à volta do crescimento dos serviços prestados às famílias, em decorrência dos serviços presenciais que estão com a demanda represada na pandemia”, disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Segundo ela, também houve impacto do crescimento do comércio, da melhora do mercado de trabalho, da liberação dos saques emergenciais do FGTS e da antecipação do 13º de aposentados e pensionistas do INSS. “Tudo isso impactou o consumo, apesar do aumento da inflação e dos juros”, afirmou Palis.

INVESTIMENTOS

O IBGE também informou nesta quinta que os investimentos produtivos na economia brasileira, medidos pelo indicador de FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), subiram 4,8% de abril a junho, em relação aos três meses imediatamente anteriores. A taxa de investimento foi de 18,7% do PIB no segundo trimestre.

Segundo Palis, o avanço dos investimentos está ligado aos ramos da construção e de informação e comunicação.

“Nessa última atividade, o desempenho positivo está especialmente relacionado ao desenvolvimento de software. Essa é uma das atividades que foram menos impactadas pelos efeitos da pandemia, assim como o setor financeiro, a agropecuária e a indústria extrativa.”

A pesquisadora mencionou que anos eleitorais, como é o caso de 2022, costumam estimular a construção. “Tem obras públicas acontecendo. É um ano que favorece essa indústria.”

Palis também indicou que, após sentir o baque da Operação Lava Jato, a construção vem tentando uma retomada no país. O setor está 12,5% acima do patamar pré-pandemia, mas ainda registra nível 23,7% abaixo do pico da série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014.

O PIB sob a ótica da demanda contempla ainda exportações, importações e consumo do governo.
As exportações caíram 2,5% no segundo trimestre, frente aos três meses imediatamente anteriores. Em parte, a baixa está associada às perdas nas lavouras de soja. O produto foi prejudicado pelo clima adverso neste ano, indicou o IBGE.

O setor externo também foi afetado pela Guerra da Ucrânia e pelas restrições adotadas pela China para frear casos de coronavírus. O país asiático é tradicional destino dos embarques brasileiros.

As importações, por outro lado, avançaram 7,6%. Palis sinalizou que o fornecimento de insumos para setores como a indústria teve melhora, embora ainda existam gargalos decorrentes do desajuste causado pela pandemia nas cadeias produtivas globais.

O recuo de 0,9% no consumo do governo, segundo o IBGE, pode ser associado a gastos menores com compra de vacinas, após uma procura mais aquecida pelos imunizantes na largada do ano.

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