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Economia

Com dados domésticos, Ibovespa emenda 2ª alta e sobe 0,64%, aos 126,5 mil

O giro desta terça foi a R$ 22,0 bilhões, em sessão na qual as ações de maior peso se firmaram em sentido positivo, à tarde

Redação Jornal de Brasília

28/11/2023 19h13

Foto: Divulgação

O Ibovespa se reaproximou de 127 mil pontos na máxima desta terça-feira e fechou em alta de 0,64%, aos 126 538,32 pontos, retornando ao nível da quarta e quinta-feira passadas, no positivo nas últimas duas sessões, após a correção da sexta-feira. No pico de hoje, o índice foi a 126.916,00 pontos, maior nível desde 16 de julho de 2021, então a 128 010,15 pontos. Na semana, o Ibovespa avança 0,81% e, no mês, 11,84%, faltando apenas as sessões de quarta e quinta-feira para o encerramento de novembro. No ano, o índice sobe 15,31%. O giro desta terça foi a R$ 22,0 bilhões, em sessão na qual as ações de maior peso se firmaram em sentido positivo, à tarde.

Assim, Petrobras ON e PN terminaram o dia, respectivamente, em alta de 0,93% e 1,51%, enquanto Vale ON avançou 0,22% e os ganhos entre as ações de grandes bancos chegaram a 1,45% (BB ON), à exceção de Santander (Unit -0,16%) no fechamento. Na ponta do Ibovespa, destaque para Marfrig (+6,77%), MRV (+5,41%) e Lojas Renner (+3,90%). No lado oposto, Eneva (-3,06%), Magazine Luiza (-2,55%) e Soma (-2,29%).

“Tivemos uma dia mais favorável com dados da nossa economia, como os do Caged e de inflação (IPCA-15), que contribuíram para dar impulso e ânimo para a Bolsa. Lá fora, as declarações do Christopher Waller, diretor do Fed, sobre a possibilidade de corte de juros (nos EUA), também ajudaram, contribuindo para que o Ibovespa futuro chegasse a bater hoje em 127,5 mil pontos”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

“Na contramão, as ações do e-commerce sofreram: o mercado esperava delas mais nas vendas da Black Friday, e agora desconta das ações. Por outro lado, a retomada do petróleo ajudou Petrobras, assim como o detalhamento do plano de investimentos da empresa para os próximos cinco anos, no Petrobras Day. Mercado fecha sem grandes surpresas, descolado um pouco de Nova York nesta terça-feira”, acrescenta.

“Nos Estados Unidos, o dado sobre a confiança do consumidor, um dos mais aguardados do dia, veio acima do esperado. Confiança do consumidor em alta reforça a ideia de economia ainda resiliente e aquecida. Aqui, o Ibovespa, na região dos 126 mil pontos, buscou romper as máximas da semana passada”, diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, destacando que o movimento na curva de juros brasileira contribuiu para desempenho positivo de parte da varejistas listadas na B3, como Lojas Renner, e de construtoras, como MRV – ambos os setores estão entre os mais sensíveis à perspectiva para os juros e o custo de crédito.

No noticiário doméstico desta tarde, dados do Caged mostraram geração líquida de 190.366 vagas de emprego formal em outubro, no teto das projeções para o mês e, portanto, acima da mediana das estimativas, de 135 mil vagas. Mais uma vez, o desempenho foi puxado pelo setor de serviços, à frente do comércio no mês. “O dado de outubro reforça a resiliência do mercado de trabalho formal, em linha com o sugerido pela nossa Pesquisa Empresarial. Para 2023, esperamos criação líquida de 1,7 milhão de empregos formais”, apontam em relatório os economistas do Bradesco.

Também nesta tarde a diretora de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado, disse haver sinais de que o crescimento da economia global está caminhando para um nível compatível com o pré-pandemia, apesar dos indicativos de menor expansão da economia chinesa. “Apesar de tudo que foi feito em termos de política monetária, o mundo está se acomodando, diminuindo o risco de um hard landing este ano”, disse a diretora do BC em evento do Morgan Stanley, em São Paulo.

Nos Estados Unidos, o diretor do Federal Reserve Christopher Waller afirmou hoje que se sente encorajado pelos primeiros sinais de moderação da atividade econômica no país, e que a política monetária parece estar em posição para que a inflação retorne à meta de 2% ao ano. Em evento, Waller disse haver bons argumentos econômicos para que, se os preços ao consumidor continuarem caindo por mais alguns meses, o Fed possa reduzir os juros. “A política monetária está claramente contribuindo para a rápida melhora da inflação”, afirmou.

Por outro lado, outra diretora do Federal Reserve, Michelle Bowman, reiterou hoje a chance de que o Comitê Federal de Mercado Aberto possa ainda voltar a subir juros no ciclo atual para assegurar o retorno sustentado da inflação à meta. Em discurso, Bowman reconheceu a desaceleração recente dos preços, mas alertou que os progressos têm sido desiguais. “Não está claro se melhoras pelo lado da oferta continuarão a reduzir a inflação”, afirmou a diretora, que chamou atenção para a resiliência da economia e também do nível de emprego nos Estados Unidos.

Dólar

O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira, 28, em queda firme, abaixo da linha de R$ 4,90, acompanhando a onda de enfraquecimento da moeda americana lá fora, em especial na comparação com divisas de exportadores de commodities, em dia de avanço superior a 2% das cotações do petróleo. As taxas dos Treasuries de 2 e 5 anos despencaram após declaração de dirigente do Federal Reserve levar o mercado a aumentar as apostas de corte de juros nos EUA a partir de maio de 2024. Indicadores domésticos divulgados hoje – como o IPCA-15 de novembro e o resultado primário do Governo Central em outubro – foram recebidos sem sobressaltos.

Tirando certa instabilidade em parte da manhã, quando registrou máxima a R$ 4,9094, o dólar à vista operou em queda ao longo da sessão, descendo até mínima a R$ 4,8590 à tarde, em sintonia com o exterior. Houve relatos de entrada de capital para a bolsa doméstica, o que teria contribuído impulsionar o real. No fim do dia, o dólar à vista recuava 0,57%, cotado a R$ 4,8719, levando as perdas em novembro para 3,36%. Em 2023, a moeda apresenta desvalorização de 7,73%.

Segundo operadores, players já deram início à rolagem de posições no segmento de câmbio futuro e às movimentações para a disputa em torno da última taxa ptax de novembro, na próxima quinta-feira, 30. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para dezembro apresentou giro razoável, com volume negociado acima de US$ 13 bilhões.

“O movimento do câmbio hoje é muito em função da queda das taxas dos Treasuries, o que anima todas as moedas. As que mais se valorizam são as ligadas às commodities, como real e o dólar australiano”, afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, ressaltando que o retorno da T-note de 10 anos está no nível mais baixo em dois meses. “Para o Brasil, especificamente, está ajudando a alta da soja e do petróleo. O minério de ferro, apesar de estar caindo hoje, permanece num nível alto”.

Lá fora, o índice DXY – que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, com destaque para o euro e o iene – passou o dia em baixa firme e rompeu o piso dos 103,000 pontos, operando na casa dos 107,000 pontos no fim da tarde. A taxa a T-note de 2 anos, mais ligada às expectativas em torno da política monetária americana, caiu mais de 2%, para a casa de 4,73%, nos menores níveis desde julho.

No início da tarde, o diretor do Fed Christopher Waller disse que vê um abrandamento da atividade e que a “política monetária está claramente contribuindo para a rápida melhoria da inflação”, embora os índices ainda estejam elevados. Na outra ponta, a diretora Michelle Bowman disse que, em seu cenário principal, o Fed teria que subir mais os juros para levar a inflação à meta de 2%. As declarações de Waller ecoaram com mais força nas mesas de operação. Plataforma de monitoramento do CME Group mostra que crescimento das chances de o BC americano cortar a taxa básica em 100 pontos-base em 2024, com a primeira redução em maio do próximo ano.

Juros

Os juros futuros fecharam com viés de alta nos vencimentos de curto e médio prazos e estáveis no longo, com o mercado adotando uma postura mais defensiva na reta final dos negócios. Em boa parte da tarde, porém os curtos ficaram perto da estabilidade e os longos recuavam, refletindo a agenda doméstica e o alívio na curva dos Treasuries. O IPCA-15 de novembro superou a mediana das projeções, mas trouxe leitura favorável dos preços de abertura. Por isso, o dado não alterou o cenário de apostas para a política monetária e as taxas curtas acabaram oscilando entre margens estreitas. As longas se apoiaram nos Treasuries, na queda do dólar e no superávit primário do Governo Central acima da mediana das estimativas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 20225 encerrou em 10,450%, de 10,40% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passou de 10,07% para 10,13%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,23%, de 10,21% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2029 fechou em 10,63% (de 10,64%).

Na primeira parte da sessão, os juros subiam em bloco, refletindo as reações iniciais ao IPCA-15 e o avanço das taxas americanas. Os yields respondiam à alta maior do que a esperada da confiança do consumidor nos EUA e com alguma cautela antes de discursos de dirigentes do Federal Reserve programados para o dia. Mais tarde, as taxas nos EUA inverteram o sinal e passaram a cair após o diretor Christopher Waller dizer que está cada vez mais confiante de que a política monetária está em posição para retornar inflação à meta de 2%. Com isso, cresceu a probabilidade de juros estáveis na reunião do Federal Reserve em dezembro (93% para 99%) e a de corte de 100 pontos-base a partir de maio até dezembro de 2024. A taxa da T-Note de 2 anos rodava em 4,73% no fim da tarde, menor nível desde julho.

Sobre o IPCA-15, após o susto inicial, o mercado foi digerindo melhor a inflação de 0,33% ao longo do dia. Apesar de ter subido acima da mediana das estimativas (0,30%), os preços de abertura agradaram. A surpresa foi atribuída a itens voláteis, como passagens aéreas e alimentação, o que não compromete a tendência de desinflação em curso, ainda que a ritmo lento. Em 12 meses, o IPCA-15 desacelerou a alta de 5,05% para 4,84%.

A economista-chefe do TC, Marianna Costa, afirma que, se a inflação seguir nesta trajetória, pode ganhar força um cenário alternativo de aceleração do ritmo de cortes da Selic nas reuniões do Copom do primeiro trimestre de 2024. Até porque o corte de 0,5 ponto está dado e o mercado normalmente busca alguma opção de ganho em caso de surpresa. “Já estamos perto do Copom (dia 10) e, a depender dos dados que sairão até lá, o cenário alternativo de queda de 0,75 tende a se consolidar, especialmente se esta dinâmica do IPCA for se repetindo. Talvez o BC não se sinta confortável para acelerar em dezembro, mas em janeiro é possível”, disse.

A diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central, Fernanda Guardado, em evento hoje promovido pelo Morgan Stanley, reiterou a indicação de cortes de 0,5 ponto na Selic nas próximas reuniões e disse que a reavaliação do ritmo exigiria surpresas “relevantes”. Segundo a diretora, até agora o cenário se desenrola conforme a autoridade monetária esperava. Mas alertou que, a depender da evolução dos dados, ajustes podem ser feitos

Na área fiscal, o superávit primário do Governo Central de R$ 18,277 bilhões em outubro ajudou a aliviar a ponta longa do DI, ao ficar acima da mediana das estimativas (R$ 15,5 bilhões), na esteira da surpresa positiva da arrecadação, ontem. “Por mais que a melhora possa ter sido pontual, não deixa de contribuir para o alívio”, disse Costa, lembrando que o clima fiscal melhorou depois da manutenção da meta fiscal no relatório final da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) a ser votado na Comissão Mista de Orçamento (CMO).

Estadão Conteúdo

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