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Economia

Campos Neto: juro neutro do Brasil tem caído no longo prazo, mas, no curto, sobe um pouco

“Quando olhamos no curto prazo, ele está subindo um pouco, então precisamos entender, endereçar isso”, disse o presidente do BC

Redação Jornal de Brasília

10/06/2024 13h15

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira, 10, que a taxa real neutra de juros no Brasil tem caído ao longo do tempo, mas continua mais alta do que a de outros países emergentes. No curto prazo, no entanto, ele reconheceu um aumento do juro neutro.

“Quando olhamos no curto prazo, ele está subindo um pouco, então precisamos entender, endereçar isso”, disse o presidente do BC, em um webinar organizado pela Constellation Asset.

O BC estima que a taxa real neutra de juros do Brasil seja de 4,5% ao ano, mas espera-se que possa haver uma revisão desse número no relatório Trimestral de Inflação (RTI) que será publicado no dia 27. Economistas do mercado falam em um juro neutro de 5% até 6%.

Campos Neto disse que o juro real do Brasil é, hoje, bem mais próximo dos pares do que dez anos atrás. Ele lembrou que as reformas aprovadas nos últimos anos não foram revertidas, o que pode ter ajudado a reduzir a taxa. “As pessoas falam do fato de que o juro das NTN-B está em 6,2%, mas, um tempo atrás, ele ficou por um bom tempo entre 12% e 13%”, disse. “Quando você coloca as coisas em perspectiva, olha em um prazo maior, as coisas no geral estão convergindo.”

Expectativas

O presidente do Banco Central afirmou também que a mudança da classificação das expectativas de inflação de “reacoragem parcial” para “desancoradas” foi um dos pontos para a redução do ritmo de cortes da taxa Selic.

Apesar da conjuntura de desancoragem das expectativas, o banqueiro central frisou que os números recentes de inflação vieram um pouco melhores na margem, e com o cenário de inflação subjacente próximo ao imaginado. “Especialmente a inflação de serviços relacionada a áreas de trabalho intensivo”, detalhou.

A autoridade monetária, disse, está fazendo um trabalho detalhado de observar os comportamento de serviços para verificar se está ocorrendo uma correlação entre a intensidade do mercado de trabalho e os preços, mas por enquanto isso não foi verificado. Campos Neto, porém, salientou que o mercado de trabalho está muito apertado.

Harmonização da política fiscal e monetária

O presidente do Banco Central disse também que a dúvida sobre a capacidade de harmonizar as políticas monetária e fiscal no Brasil é o principal risco percebido no País no curto prazo. No longo prazo, ele mencionou a dificuldade de aumentar a produtividade.

“A maior percepção de risco no Brasil está relacionada à capacidade de chegar a um sistema em que haja harmonias na políticas fiscal e monetária, é nisso que as pessoas se concentram no curto prazo”, comentou Campos Neto.

No longo prazo, ele mencionou uma dificuldade de aumentar a produtividade do País. “Nós focamos muito no curto prazo”, afirmou.

Ele avaliou o que o desemprego baixo do Brasil pode ser consequência dos efeitos da reforma trabalhista.

Campos Neto defendeu que medidas de tecnologia, a exemplo do Pix, podem aumentar a produtividade.

Produtividade e consumo

O presidente do Banco Centra afirmou ainda que se o consumo das famílias continuar a subir sem estar acompanhado por ganho de produtividade, em algum momento haverá impacto sobre a inflação.

O banqueiro central ponderou que a dinâmica do mercado de trabalho atual explica por que o crescimento verificado na atividade econômica está tão atrelado ao consumo das famílias.

Campos Neto reafirmou, no entanto, que, embora o desemprego esteja muito baixo no País, até agora ainda não houve impacto do mercado de trabalho sobre a inflação de serviços.

Estadão Conteúdo

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