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Economia

Caged reflete economia em compasso de espera, diz secretário de Trabalho

No ano, o acumulado de janeiro a maio registrou o pior resultado desde 2017. Foram abertas 351.063 vagas neste ano e 381.166 no mesmo período do ano passado

Aline Rocha

27/06/2019 17h49

Foto: Agência Brasil

O secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcomo, disse que o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que gerou 32.140 vagas em maio, está em linha com o que foi visto nos últimos três anos e mostra que a economia está em compasso de espera. Esse foi o pior resultado para o mês desde 2016.

“A geração de emprego está em linha com o que a economia vem demonstrando, que está com dificuldade de alçar novos voos. A economia está em compasso de espera a ser definido por pontos importantes, como a reforma da Previdência”, afirmou.

O resultado de maio foi puxado pela agropecuária, com as safras de café e laranja principalmente no Sudeste.

No ano, o acumulado de janeiro a maio registrou o pior resultado desde 2017. Foram abertas 351.063 vagas neste ano e 381.166 no mesmo período do ano passado. Para Dalcomo, não é possível traçar uma tendência de “descida ou subida” nos dados, que apresentam desempenho similar dos últimos anos.

“É razoável que o volume gerado no Caged no ano seja em linha com o ano passado. Não é razoável com a economia crescendo 1% pensar que teremos um grande volume de geração de empregos, mas também não teremos fechamento”, afirmou.

Sobre o fato de o resultado do Caged ter vindo abaixo das projeções do mercado – a mediana do Projeções Broadcast era de abertura de 70 mil vagas -, Dalcomo disse apenas que o mercado tem “errado muito nos últimos meses”.

Agricultura é a única atividade que vai bem na economia

O destaque positivo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de maio é a criação de 37.373 postos formais no setor agrícola, refletindo as melhores avaliações para a safra brasileira, avalia o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Renan Pieri.

“A agricultura vai bem a despeito da fragilidade da economia. As previsões para o setor agrícola são boas, mas para os outros setores, não. A indústria de transformação está em declínio. Há uma desindustrialização muito forte, sobretudo na região Sudeste”, diz, destacando também o saldo positivo do construção civil (8.459 vagas). “É um setor que sofre muito desde a Lava Jato. O fato de ter criado vagas é um bom sinal.”

A indústria de transformação destruiu 6.136 vagas em maio. O Caged, por sua vez, registrou geração de 32.140 empregos formais no período, bem abaixo da mediana de abertura de 70 mil postos da pesquisa do Projeções Broadcast, cujo intervalo ia de 17.000 a 109.905 vagas.

“Em 12 meses, são cerca de 474 mil empregos formais criados, mas ainda é muito pouco diante de 13 milhões de desempregados e 28 milhões subutilizados.”

Pieri ressalta que o número de postos gerados em maio foi bem similar ao do mesmo mês do ano passado (33.659 vagas), mas pondera que não há perspectiva de grande abertura de vagas nos próximos meses em meio às revisões para baixo das projeções para o Produto Interno Bruto (PIB), como a realizada nesta quinta-feira pelo Banco Central no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), de 2,0% para 0,8%.

O economista destaca ainda que o Caged não tem sido um bom “provisor” da economia, uma vez que a recuperação econômica tem se dado pelo setor informal.

Selic

Esse quadro de fragilidade da economia deve mudar pouco com o corte de juros, avalia Pieri. “Um corte de juros agora tem pouco efeito para estimular a atividade em si dado a incerteza.” Mas o economista afirma que o Banco Central deveria reduzir a Selic, uma vez que as projeções para inflação caíram e já estão abaixo do centro da meta.

 

Estadão Conteúdo

 

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