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Economia

BC será mais agressivo no corte de juros do que o mercado está prevendo, diz CEO do Banco XP

A desaceleração da inflação e um desempenho fraco da economia devem levar o BC (Banco Central) a ser mais agressivo

FolhaPress

31/05/2023 15h59

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Lucas Bombana

São Paulo, SP

A desaceleração da inflação e um desempenho fraco da economia devem levar o BC (Banco Central) a ser mais agressivo no ciclo de corte de juros do que o projetado hoje pelo mercado.

A avaliação é de José Berenguer, CEO do Banco XP. Segundo ele, apesar de dados econômicos recentes indicarem uma expansão da atividade, “não é o que a gente sente na ponta conversando com clientes.”

Berenguer afirmou que, por setor, o agronegócio representa um destaque positivo, mas indústria e comércio estão em uma situação bem menos aquecida no momento.

“A economia vai sofrer e estamos enxergando menos pressão inflacionária, o que me leva a crer que o BC vai ser até mais agressivo do que a gente está enxergando em termos da curva de juros”, afirmou o executivo nesta quarta-feira (31) durante evento promovido pela XP.

No mercado de juros futuros, que indica as projeções dos investidores para o patamar da Selic à frente, o contrato para janeiro de 2024 era negociado nesta quarta a 13,18%, enquanto o título para 2025 estava em 11,41%.

Berenguer afirmou também que, frente ao patamar elevado em que a taxa básica de juros se encontra, de 13,75% ao ano, há ativos negociados no mercado, como os fundos imobiliários e dedicados ao agronegócio, que estão com descontos expressivos.

“Tem muita coisa barata. O investidor vai ganhar quando comprar na baixa, não quando comprar na alta”, disse o CEO do Banco XP e ex-presidente do JP Morgan no Brasil.

Ele acrescentou ainda que a emissão de papéis incentivados, que oferecem a isenção do IR (Imposto de Renda) ao investidor pessoa física, e que atraiu forte demanda dos investidores ao longo dos últimos meses, deve perder tração, com um potencial direcionamento do interesse para ativos de maior risco.

“A gente tem um acompanhamento do volume que os bancos conseguem emitir [de títulos incentivados], e temos uma impressão bastante concreta de que essa capacidade está no seu limite”, afirmou Berenguer.

“Deve ter menos competição dessa classe de ativo, que acabou afetando bastante a captação [da indústria de fundos], com um deslocamento importante de poupança para esse tipo de papel, especialmente do cliente de alta renda”, acrescentou.

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