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Economia

Banco Central se prepara para aumentar novamente a Selic

O Comitê de Política Monetária (Copom) deverá anunciar, na quarta-feira (6), após dois dias de reuniões, o segundo aumento consecutivo da Selic no ciclo de ajustes iniciado em setembro, quando subiu 0,25 ponto

Redação Jornal de Brasília

05/11/2024 10h20

Foto: Divulgação/ Banco Central

O Banco Central do Brasil prepara-se para aumentar novamente a taxa de juros básica Selic em meio ponto percentual, para 11,25%, em meio a expectativas de anúncios oficiais de cortes de gastos.

O Comitê de Política Monetária (Copom) deverá anunciar, na quarta-feira (6), após dois dias de reuniões, o segundo aumento consecutivo da Selic no ciclo de ajustes iniciado em setembro, quando subiu 0,25 ponto.

A taxa de referência passará dos atuais 10,75% para 11,25% anuais, de acordo com a previsão quase unânime de mais de uma centena de instituições financeiras e consultorias entrevistadas pelo jornal econômico Valor.

O principal motivo do aumento é a inflação “persistentemente fora da meta”, disse Mauro Rochlin, coordenador acadêmico da Fundação Getulio Vargas (FGV).

No entanto, destacou também as pressões exercidas sobre a economia pelo dólar, pela energia, pelo mercado de trabalho “muito aquecido” e por uma política fiscal “muito generosa”.

“Se a gente for reunir todos esses fatores a gente vai entender o porquê de uma decisão de 0,50%, o porquê que ela não seria muito difícil de se esperar”, disse à AFP.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta acalmar os temores do mercado sobre sua capacidade de cumprir a meta fiscal.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, suspendeu uma viagem à Europa prevista para esta semana a pedido do presidente para finalizar a definição do pacote de corte de gastos.

Na segunda-feira, Haddad disse que as medidas poderão ser anunciadas ainda esta semana.

– Pressões –

A inflação na maior economia da América Latina subiu em setembro para 4,42% em 12 meses, devido ao aumento do preço dos alimentos e da energia, impulsionado principalmente pela seca histórica que o país atravessa.

Embora dentro da margem de tolerância oficial (até 4,50%), a taxa continua longe da meta de 3%.

Para o ano de 2024, o mercado prevê uma inflação de 4,59%, segundo o mais recente boletim Focus do Banco Central, divulgado na segunda-feira.

O dólar disparou na última sexta-feira para 5,86 reais, o segundo maior valor histórico. Em 2024, já acumula um aumento de mais de 20%.

Na segunda-feira, na expectativa de anúncios, a moeda americana caiu 1,48%, a 5,78 reais, enquanto o principal índice da Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa, avançou quase 1,87%, a 130.515 pontos.

A economia brasileira cresceu 3,3% no segundo trimestre de 2024 na comparação anual. O mercado prevê que o PIB crescerá 3,10% ao longo do ano.

O desemprego, por sua vez, caiu para 6,4% no trimestre julho-setembro, uma redução de 0,5 ponto percentual face ao trimestre anterior (abril-junho), quando se situou em 6,9%.

O anúncio da autoridade monetária coincidirá com as reuniões do Federal Reserve (banco central) dos Estados Unidos para debater a redução das taxas de juros, no contexto de eleições presidenciais acirradas.

– “Liberdade” nas decisões –

Depois de um ano com a taxa em 13,75%, em agosto de 2023, com a moderação dos preços, a autoridade monetária iniciou uma redução progressiva da Selic até junho de 2024, quando atingiu 10,50%, onde permaneceu inalterada até setembro.

Naquele mês, o Banco Central elevou a taxa em 0,25 ponto percentual.

A decisão do Copom foi questionada pelo presidente Lula, que afirma que as taxas elevadas prejudicam o crescimento ao encarecer o crédito e desencorajar os investimentos.

O Comitê voltará a analisar a Selic em nova reunião em dezembro.

Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deve entregar o cargo em janeiro a Gabriel Galípolo, economista de 42 anos indicado por Lula.

Na audiência de nomeação no Senado, em outubro, Galípolo afirmou que o presidente lhe garantiu “liberdade na tomada de decisões”.

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© Agence France-Presse

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